Defesa de Doutorado de Ednaldo Isidoro da Silva
Enviado por secr_pos_filosofia em qua, 01/08/2018 - 14:47Nesta tese de doutorado, pretendendo demonstrar a possibilidade de direito para haver a união substancial a partir da distinção real, interpretamos que Descartes concebe corpo e alma como substâncias distintas porque têm raízes diferentes e, principalmente devido aos seus interesses científicos, diz que elas são princípios de si mesmos. Ser substância é ser formada com raízes diferentes. Se não for radical, não é substância e não há distinção real. Todavia, mesmo sendo uma distinção radical, ela não impossibilita a união substancial nem esta a anula. Assim, desejamos mostrar que é preciso não confundir radical (de raiz) com contradição entre os seres, ou seja, não confundir exclusão que uma substância faz de sua natureza com a exclusão do ser. Corpo e alma não são "ser" e "não-ser", matéria e anti-matéria um do outro: o pensamento é imaterial e nunca será material, e não que seja anti-matéria; o corpo é material e nunca se espiritualizará, e não que seja anti-espiritual. E valendo-nos também das Respostas às Objeções e das Cartas à Regius e a Elizabeth, criticamos i) Gouhier e Gueroult, para quem a teoria da distinção real gera a impossibilidade de direito de corpo e alma se unirem e interagirem, fato possível unicamente porque Deus é todo poderoso e opera este milagre contrariando a distinção real; ii), Cottingham e Kambouchner que apoiando-se nas cartas à Elizabeth (e a Regius) dizem que a teoria das noções primitivas é crucial e revolucionária na metafísica de Descartes: Cottingham conclui que, no composto substancial, o dualismo acaba à medida que as sensações são o terceiro aspecto distinto do homem além do pensamento e da extensão - donde surge o trialismo cartesiano; Kambouchner diz que sendo impossível explicar a união com a distinção real e conceber como substâncias distintas podem interagir, Descartes teria cedido ao hilemorfismo aristotélico.