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Defesa de Mestrado de Leandro Marques Aliseda

O projeto heidegeriano em que se estabelecem as bases para uma nova concepção de ser humano e para a realização de suas potencialidades parece-nos essencial na compreensão da tecnologia. Também essencial é o projeto dennettiano, quando invoca novas bases de entendimento a qual possibilitaria a análise do fenômeno da técnica sob novos paradigmas, expostos pela rápida evolução da capacidade de programação computacional, sintetizada na interpretação do poder do algoritmo como uma “força dominante”, que nos permite pensar na origem da vida como sendo também a origem do software, sendo o DNA uma espécie de software com bilhões de anos de idade. Assim, a nossa pesquisa sobre a genealogia da tecnologia se dá primeiro a partir da epifania provocada por Heidegger na descrição da relação entre desocultamento e disponibilidade - pelo qual o homem experimenta a técnica e experimenta-se nela. A partir da reflexão do que significa essa disponibilidade do ente como forma de presença perante a qual também o homem se faz disponível para requerer da natureza a satisfação de suas necessidades por via da transformação técnica. Segundo, na busca pelo entendimento da técnica no seu mais elementar significado recorreremos à metáfora algorítmica. Pensaremos a técnica analogamente ao processo evolutivo biológico do próprio homem. Dennett demonstra como a teoria da evolução de Darwin promove uma “estranha inversão de raciocínio”, subvertendo a tendência intuitiva de se explicar competência e design por inteligência. Após Alan Turing, podemos ter uma ideia geral de como os mecanismos subjacentes operam graças a outra estranha inversão de raciocínio. Turing percebeu que uma máquina sem intencionalidade poderia perfeitamente operar aritmética sem saber o que estava fazendo. Este raciocínio poderia ser estendido à compreensão da evolução tecnológica como um todo? Nossa condição humana seria compreensível a partir desse ponto sendo a compreensão da essência da técnica a nossa melhor possibilidade de desvelamento, de descoberta do que realmente somos feitos? É o que nos propomos a investigar. O recurso ao trabalho de desconstrução que Heidegger opera quando medita sobre a técnica nos parece ainda mais importante no momento atual de completo fascínio, mas também de receio quanto a tecnologia, onde não se distingue mais causa e efeito na compreensão do contexto instrumental da técnica. Embora a tecnologia tenha o inegável potencial de desvelamento e contribuição para o entendimento do que somos, o risco reside não na ficção de homens subjugados por máquinas inteligentes, mas sim na alienação do Ser, anulado por seus artefatos tecnológicos. Uma modernidade a qual Heidegger sentenciou precisamente como “a era da ausência de sentido consumada”. São tempos que requerem um novo pensar. Por isso consideramos a necessidade de recorrermos a novas formas de interpretação, de entendimento do que a moderna técnica representa. Vivemos a era dos Algoritmos, de onde surge uma abertura para que possamos interpretar a tecnologia a partir de uma perspectiva evolucionista, como um fenômeno que transcende à vontade e o design humano.

Data da defesa: 
quarta-feira, 23 Maio, 2018 - 14:00
Membros da Banca: 
Presidente Prof. Dr. Oswaldo Giacoia Junior IFCH / UNICAMP
Membros Titulares Prof. Dr. Daniel Omar Perez IFCH / UNICAMP Prof. Dr. Franklin Leopoldo e Silva Universidade de São Paulo
Membros Suplentes Prof. Dr. Luiz Benedicto Lacerda Orlandi Departamento de Filosofia - IFCH - Unicamp Prof. Dr. Glauco Barsalini Pontifícia Universidade Católica de Campinas
Programa: 
Nome do Aluno: 
Leandro Marques Aliseda
Sala da defesa: 
Sala da Congregação
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