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Antes das modernas discussões sobre gênero e seus papéis na sociedade, mulheres viajavam ora movidas pelo espírito aventureiro, ora empurradas pelo casamento, como damas de companhia ou trazidas à força, seja pela escravidão ou imposição familiar. Dentre as “mulheres viajantes”, algumas deixaram registradas, em diários ou memórias, suas experiências. É sobre um diário feminino, especificamente, que inflete esse artigo: as viagens e as memórias de D. Maria do Carmo de Mello Rego, viajante do século XIX, mãe adotiva e escritora cujo diário pessoal reflete de forma intimista e sentimental a trajetória de vida assumida por uma mulher que transgride o modelo imposto pela sociedade da época ao viajar pelo Brasil; adotar como filho legítimo uma criança índia e deixar relatada sua vida como forma de perpetuar a existência do filho índio adotivo.