A fotografia contemporânea nos museus: lugares e discursos em exposições referenciais do século XXI
Enviado por secr_pos_dhistoria em sex, 16/02/2018 - 09:58Esta tese parte da apresentação histórica e teórica sobre a fotografia contemporânea desde a questão ontológica, que ganhou espaço nos anos 80, através, principalmente, de nomes como Roland Barthes, Rosalind Krauss e Philippe Dubois, para chegar em pensamentos mais recentes de autores como Michel Poivert, Dominique Baqué, Tadeu Chiarelli, Rubens Fernandes Jr., entre outros.
Desenvolve-se, desde aí, um percurso que visa apontar a evidência de um conjunto de relações medradas no interior de obras que, ao mesmo tempo em que podem ser vistas como parte de um processo contemporâneo em fotografia, também o ultrapassam quando se encontram de fato numa situação ampla de absorção da substância fotográfica por processos e estratégias dos artistas na contemporaneidade.
Produções de característica híbrida em muitos sentidos, que abarcam outras especificidades da arte tanto quanto resíduos do cotidiano; e que carregam a marca da ação corporal ou interferência gestual do artista no arquivo, no suporte, na composição cênica e na construção da imagem ou objeto artísticos.
Para construir tal percurso, parte-se da escolha de seis exposições que se perguntam, em sua proposição e no próprio título, o que é a fotografia, quais seus extremos, limites, fronteiras e territórios. Essas mostras foram apresentadas por importantes instituições museológicas de fotografia e arte moderna e contemporânea, numa escolha por um paralelo entre capitais de arte da América do Norte, da América do Sul e da Europa. Assim, e pensando num recorte temporal que se concentrasse no século XXI, em São Paulo, escolheu-se trabalhar com o Museu de Arte Contemporânea da USP, que apresentou entre 2013 e 2015 a exposição Fronteiras Incertas e com o Museu de Arte Moderna de São Paulo, que apresentou, em 2001, a exposição Fotografia/Não Fotografia. Em Nova Iorque, elegeu-se as exposições What is a Photograph?, apresentada pelo International Center of Photography e The Original Copy: Photography of Sculpture, 1839 to today , apresentada pelo Museu de Arte Moderna. E finalmente, em Paris, as exposições Qu’est-ce que la Photographie?, apresentada pelo Centre Georges Pompidou e Autour de l’Extrême, apresentada pela Maison Européenne de la Photographie foram as eleitas para fecharem o grupo que forma o objeto de pesquisa desta tese.
Sendo as exposições, parte importante do discurso que os museus constroem sobre a arte e sobre o que legitimam enquanto tal, resolveu-se então seguir as trilhas e apontamentos que essas mostras aduziam, por seus diferentes caminhos, com o objetivo central de perceber características internas constituintes das obras que delas fizeram parte, assim como relações que estabelecem entre si, e que denotam lugares e (in) definições para a fotografia, no campo da arte contemporânea, neste início de século.