Características socioambientais da epidemia de dengue no município de Campinas, Estado de São Paulo, entre 2007 e 2015
Enviado por secr_pos_demografia em qui, 04/01/2018 - 14:05OBJETIVO. A proposta deste trabalho é investigar quais são os fatores socioambientais intervenientes nas epidemias de dengue no município de Campinas entre os anos de 2007 e 2015. As três epidemias históricas de dengue deflagradas no município ocorreram neste intervalo. No total, esse período foi responsável por mais de 123 mil notificações de casos autóctones desta doença infecciosa. Assim, o objetivo geral é compreender os aspectos relacionados às características da população (sexo, idade, renda, mobilidade, etc.) e ao ambiente urbano (características do domicílio e do entorno) que podem ter condicionado esse processo.
DADOS E MÉTODOS. São utilizadas fontes de dados como o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), além de informações provenientes do Censo Demográfico de 2010 (IBGE) e da Pesquisa Origem e Destino Domiciliar da Região Metropolitana de Campinas, realizada em 2011. Foram geocodificados os casos autóctones da doença por local de residência do paciente. Realizou-se então a aplicação de ferramentas de análise espacial e estatística clássica.
RESULTADOS. Foram geocodificados com sucesso 93% dos casos de dengue registrados no período (n=114.884). Os resultados mostraram que um conjunto de fatores podem estar relacionados, ao mesmo tempo, com o desencadeamento das epidemias históricas de dengue em Campinas, abarcadas no período de estudo. Destacam-se entre eles: a existência de um grande volume população suscetível aos quatro sorotipos de dengue (todos eles circularam no município no período investigado); as características do processo de urbanização brasileiro do qual Campinas é caso simbólico, com desigual distribuição dos serviços de infraestrutura urbana; além da própria mobilidade da população, que contribui para a disseminação espaço-temporal do vírus.