TEMPLÁRIOS DA AVENIDA PAULISTA: A formação do self secular no Opus Dei
Enviado por secr_pos_csociais em qua, 08/11/2017 - 14:42A presença do Opus Dei no cenário brasileiro se verifica pelas inúmeras controvérsias envolvendo seus membros e pelo desconforto que sua presença “indevida” na política, na imprensa e no judiciário provoca em outros atores sociais. A relação do Opus Dei com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, com os jornais O Estado de S. Paulo e Gazeta do Povo e a atuação de alguns de seus membros no Impeachment de Dilma Rousseff são alguns exemplos das polêmicas envolvendo essa instituição no Brasil. Todas essas controvérsias têm um ponto em comum: a “discrição” dos membros do Opus Dei ao atuarem no mundo da vida. Incomoda aos atores sociais o fato de não estar claro quem são os membros da instituição e por onde circulam. Contudo, essa discrição faz parte do modo de ser e de estar no mundo dos membros do Opus Dei, o que os diferencia dos demais grupos católicos. Desse modo, nosso objetivo é demonstrar como o Opus Dei constitui uma nova forma de subjetividade no cenário católico brasileiro. Partimos da hipótese de que essa subjetividade está calcada na desconstrução do ideal contemporâneo do self através da anulação da individualidade para o estabelecimento de uma conexão efetiva com Deus. A anulação do self mundano por meio da negação da individualidade é a condição para que o sujeito possa realizar um trabalho santificador no “mundo secular”, que, na percepção desses atores, é um espaço de conflitos e disputas que deve ser santificado pelos católicos em suas atividades profissionais cotidianas de forma silenciosa e discreta. É nisso que vai se pautar o governo de si orientado pelo Opus Dei. Desse modo, tomaremos como estudo de caso um grupo do Opus Dei da cidade de São Paulo e acompanharemos seus membros em três momentos: 1) sua inserção no cenário católico brasileiro; 2) a produção de atitudes seculares por meio das tecnologias do self; 3) a produção de faces profissionais para a atuação na cena pública secular.