Comércio e Riqueza na crise da lavoura do sertão da Paraíba: a expansão dos negócios de Francisco Bezerra de Sousa na região de Cajazeiras (1860-1890)

A proposta desta dissertação é analisar a trajetória de Francisco Bezerra de Sousa, comerciante que viveu e prosperou economicamente em Cajazeiras, cidade do sertão paraibano e no seu entorno, em meio a um contexto de mudanças significativas na Província da Paraíba. O fim da escravidão, as crises na lavoura, as secas, a concentração de terra e riqueza, a implementação de equipamentos modernos na produção de algodão, são eventos paradigmáticos das transformações que incidiram sobre toda a região e coincidem com o momento de formação e consolidação da cidade. Entre as décadas de 1860 e 1890, a cidade desenvolveu relações comerciais com províncias vizinhas, a exemplo dos contatos com Recife e a Praça de Pernambuco, importante polo econômico e comercial do Nordeste brasileiro no século XIX, assim como o Ceará e Rio Grande do Norte, tanto por estarem integrados às trocas para o abastecimento local como por vincular a região com negócios do exterior. Por meio do inventário post mortem deste personagem identificamos algumas das principais atividades econômicas da cidade, como a criação e o comércio de gado, mercadorias locais e importadas da Europa e o aluguel de propriedades urbanas. Francisco Bezerra investiu significativamente em fazendas de criação e propriedades urbanas, adquirindo, edificando e reconstruindo 79 imóveis de um total de 290 edificações na cidade. Além disso, ele atuava como mercador de produtos e emprestador de dinheiro, atendendo a pequenas e grandes demandas de crédito, atividade que o colocou em um lugar privilegiado, no geral designado no Império pela expressão “capitalista”. O uso de outras fontes como os jornais da época e os relatórios dos presidentes da Província, nos ajudam a exemplificar esse contexto.