Este trabalho tem por tema geral a assim chamada filosofia da ciência de Heidegger. Visa-se, particularmente, a uma interpretação da abordagem heideggeriana da Física matemática, no quadro da sua concepção existencial de ciência, desenvolvida no contexto do seu projeto de Ontologia Fundamental, especialmente em Ser e Tempo, mas também em textos do seu entorno. Em um primeiro momento, examina-se a proposta heideggeriana de fundamentação das ciências factuais por meio da elaboração de ontologias regionais e discute-se o caráter fundacionalista desta proposta. Em seguida, avalia-se a alusão, feita em Ser e Tempo, à Analítica Transcendental, de Kant, como uma ontologia regional da natureza, com base em uma reconstrução da compreensão heideggeriana das relações entre a filosofia teórica kantiana e a fundamentação da Física, exposta mais detidamente no curso Logik: Die Frage nach der Wahrheit e, indiretamente, no seu Kantbuch. A partir do conceito existencial de ciência, no parágrafo 69b, de Ser e Tempo: discute-se a interpretação de Gethmann acerca da origem do comportamento científico e das relações entre gênese ontológica da ciência e modificação da compreensão de ser; define-se o papel desempenhado pela Física na exposição do conceito existencial de ciência; busca-se reabilitar (contra as teses de Gordon, Rouse e Ginev) a importância e a pertinência da noção de desmundanização do mundo, esclarecendo o significado, o alcance e o lugar dessa noção na concepção existencial de ciência e defendendo a sua exclusiva e inelidível vinculação ao projeto matemático da natureza, isto é, à tematização físico-matemática; elucidam-se, ainda, os momentos básicos da tematização operada pela Física, a saber: “a articulação da compreensão de ser”, “a delimitação do domínio temático” e o “delineamento da conceitualidade adequada”. Por fim, apresenta-se e problematiza-se a interpretação heideggeriana das Leis de Newton como enunciações que tornam acessível o ente “nele mesmo”; contrastam-se as concepções heideggeriana e kuhniana de crise e revolução nas ciências, ao se levantar uma hipótese sobre como Heidegger compreende as relações entre a Física de Newton e a Teoria da Relatividade de Einstein, tomando-se em consideração as breves menções feitas a ambas as Físicas nas obras analisadas neste trabalho; patenteia-se o realismo científico subjacente à abordagem heideggeriana tanto das Leis de Newton quanto da Física de Einstein e aponta-se para o problema da compatibilidade entre o realismo científico robusto assumido por Heidegger e o caráter transcendental de sua filosofia ontológico-existencial.
CIÊNCIA E DESVELAMENTO: A FÍSICA NO PENSAMENTO DE MARTIN HEIDEGGER (1925-1929)
Data da defesa:
quarta-feira, 29 Março, 2017 - 17:30
Membros da Banca:
COMISSÃO JULGADORA TITULARES Prof. Dr. Zeljko Loparic – orientador – IFCH/UNICAMP Prof. Dr. Alexandre de Oliveira Ferreira - UNIFESP Prof. Dr. Antônio Augusto Passos Videira - UERJ Prof. Dr. Daniel Omar Perez – IFCH/UNICAMP Prof. Dr. Róbson Ramos dos Reis
Programa:
Nome do Aluno:
LUCIANO CAMPOS DOS SANTOS
Sala da defesa:
Sala de Defesa de Tese