A dinâmica demográfica é uma das forças motoras da mudança no uso e cobertura da terra, mas tida como secundária frente aos elementos de origem político-econômicos. Esta situação deriva das abordagens adotadas para os condicionantes demográficos. Na perspectiva regional o recente enfoque na migração incorpora grandes avanços no campo, mas a ênfase nos fluxos populacionais mais do que na redistribuição espacial promove uma visão fragmentada do território e simplifica o papel da urbanização. Na microperspectiva o modelo associa as transformações demográficas no domicílio com as estratégias de uso da terra na propriedade, mas apresenta (enfrenta) falhas na previsão de algumas variáveis chaves, além de ser inconstante entre as áreas de estudos. O objetivo desta pesquisa é analisar as relações da demografia na mudança da terra a partir da distribuição populacional, de tal forma que seja possível consolidar uma visão integrada do espaço com maior potencial para análises multiescalares. O ponto de partida é o aperfeiçoamento do modelo micro, através da ampliação da unidade analítica domicílio para grupo familiar, contemplando indivíduos dispersos mas constituinte do mesmo espaço de vida. Na estrutura familiar o eixo temporal trata dos eventos do ciclo de vida dos indivíduos e as subsequentes mudanças na composição populacional, e o eixo espacial a (i)mobilidade e os possíveis arranjos multilocais e rede de suporte. A partir de questionários aplicados em 402 lotes em um trecho da Rodovia Transamazônica em 1997/98 e 2005, foram constituídos 330 Grupos Familiares para análise do desmatamento e uso da terra em três níveis de agregação familiar. A proposta do Modelo do Ciclo de Vida Familiar representa a dinâmica dos agricultores familiares, mas permite conectar de forma direta e indireta demais grupos agentes da mudança ambiental, dando dimensão de escala na abordagem. Um conjunto de dados secundários são utilizados para análise da mobilidade e distribuição da população numa meso região do oeste do Pará, conectando Santarém e Altamira e os municípios ao longo da BR163 e BR230. A partir de dados do Censo Demográfico 2010 (informações dos questionários e o uso de uma grade regular para espacialização dos dados do universo) duas sub-áreas marcadas por diferentes trajetórias urbanas são caracterizadas quanto ao perfil dos migrantes e dinâmica de redistribuição populacional, para posterior análise da dispersão populacional em função dos eixos de condução/restrição (como estradas e áreas protegidas) e suas implicações para a mudança no uso-cobertura da terra, utilizando a classificação Projeto TerraClass (2010 – 2014) do INPE. Tendo no centro do debate a distribuição da população é possível fortalecer o papel da dinâmica demográfica na Land Change Science, estabelecer o diálogo entre as escalas de estudo e conduzir uma discussão condizente com a realidade contemporânea da Amazônia, em franco processo de urbanização.
Ciclo de vida familiar e distribuição populacional na dinâmica do desmatamento e uso da terra na Amazônia Paraense
Data da defesa:
quinta-feira, 23 Fevereiro, 2017 - 14:00
Membros da Banca:
Prof. Dr. Alvaro de Oliveira D'Antona (IFCH/UNICAMP) - Orientador
Prof. Dr. Roberto Luiz do Carmo (IFCH/UNICAMP) - Membro
Prof. Dr. Eduardo Sonnewend Brondizio (UNICAMP/INDIANA UNIVERSITY) - Membro
Profa. Dra. Maria Isabel Sobral Escada (INPE) - Membro
Prof. Dr. Ricardo Ojima (UFRN) - Membro
Prof. Dr. José Marcos Pinto da Cunha (IFCH/UNICAMP) - Suplente
Profa. Dra. Joice Melo Vieira (IFCH/UNICAMP) - Suplente
Prof. Dr. Alisson Flavio Barbieri (UFMG) - Suplente
Programa:
Nome do Aluno:
Julia Corrêa Côrtes
Sala da defesa:
Sala de Defesa de Teses