BOLÍVAR ENTRE A CRUZ E A ESPADA O Correo del Orinoco, Las Casas, Cortés e as Independências (1818-1822)

A figura de Simón Bolívar quase sempre foi narrada como a de um homem das luzes, racional e estrategista. Esta imagem está associada às narrativas nacionais que foram construídas a respeito das independências da América Hispânica. O nacionalismo criollo, letrado e ilustrado, teria dado origem a um forte sentimento de pertencimento entre os hispanoamericanos. Este mesmo sentimento, por sua vez, desenvolveu-se para os movimentos de ruptura com a Espanha. Nesse sentido, esta leitura nacionalista e tradicional transformou o pensamento das luzes em principal referência teórica para as independências, além de ter atribuído ao nacionalismo criollo a causa do movimento.

A partir das fontes do período, observamos que existiram outras referências intelectuais para a elaboração das justificativas da independência. Além das luzes, as narrativas sobre a conquista espanhola do século XVI e as cavaleirescas também fizeram parte da estruturação teórica que ajudou a compor o discurso de ruptura em relação à coroa. À vista disso, o Libertador, como conceito, foi construído como heroi e sua imagem foi utilizada em um momento em que Bolívar ainda não era unanimidade. O uso da legenda negra para atacar os espanhóis e o uso do Libertador como a contra imagem do conquistador criaram um discurso de coesão e ao mesmo tempo foram empregados para a transmissão das novas posturas políticas. Esta unidade construída permitiu, anos depois, a consolidação dos nacionalismos e dos Estados Nacionais.

Para esta investigação, utilizamos como fontes o jornal venezuelano Correo del Orinoco (1818-1822), favorável à independência, alguns escritos de Bolívar, as Cartas de relación (1519-1526) de Hernán Cortés, a Historia verdadera de la conquista de la Nueva España(1568) do soldado Bernal Díaz del Castillo e a Brevísima relación de la destrucción de las Índias (1552), de Bartolomé de Las Casas. A análise documental teve como principais estruturas as análises de Reinhart Koselleck a respeito dos espaços de experiências e dos horizontes de expectativa, assim como as teorias de representação de Roger Chartier. As análises de Pierre Bourdieu sobre produção e recepção e os conceitos da retórica da alteridade de François Hartog, assim como as discussões sobre memória e esquecimento de Paul Ricœur, também fizeram parte do corpo teórico deste estudo.

Data da defesa: 
sexta-feira, 27 Novembro, 2020 - 12:00
Membros da Banca: 
. José Alves de Freitas Neto - Presidente (UNICAMP)
Fabiana de Souza Fredrigo (UFG)
Gabriela Pellegrino Soares (USP)
Leandro Karnal (UNICAMP)
Iara Lís Franco Schiavinatto (UNCAMP)
Programa: 
Nome do Aluno: 
Marcus Vinícius de Morais
Sala da defesa: 
Integralmente a Distância