Aspectos dos fundamentos da relação entre capital e patriarcado: a (re)produção da vida em questão

Este trabalho tem como seu principal objetivo compreender aspectos dos fundamentos da relação entre capital e patriarcado, portanto, também, compreender aspectos dos fundamentos da imbricação entre as opressões de classe e gênero tipicamente capitalistas. Para isso, analisou-se momentos do processo histórico de gênese capitalista, sobretudo aqueles relativos à chamada “acumulação primitiva” e suas particularidades de gênero. Isso com o intuito de mapear os possíveis primeiros pontos de contato entre o metabolismo específico do capital e as opressões de gênero. Nessa análise constatou-se a tendência de construção social do espaço doméstico enquanto um espaço generificado e de principal local de reprodução da vida cotidiana e geracional. Na sequência, analisou-se os dados contemporâneos a respeito do modo de ser da inserção das mulheres no mercado de trabalho em diferentes setores e localidades, bem como dados contemporâneos a respeito dos usos do tempo no espaço doméstico, levando em consideração seus pertencimentos de raça e classe. Analisou-se esses dados com o intuito de compreender os desdobramentos contemporâneos dos processos históricos anteriormente analisados, de modo a se captar suas permanências e descontinuidades. Nessa análise constatou-se o quanto a atribuição social feminina ao espaço doméstico e à responsabilidade social de reprodução da vida imediata cotidiana e geracional impacta, até os dias atuais, o modo de ser da existência das mulheres na sociedade capitalista tanto na produção, quanto na reprodução no espaço doméstico. Demonstrando modos contemporâneos e objetivos de ser das opressões de gênero tipicamente capitalistas, portanto, da própria forma de manifestação objetiva e contemporânea da conexão entre capital e patriarcado. Por fim, no intuito de se apontar possíveis aspectos dos fundamentos da relação entre capital e patriarcado, realizo uma análise dos conceitos marxianos de alienação e estranhamento a partir dos Manuscritos Econômicos Filosóficos de 1844, com o objetivo de fundamentar o baixo status social particular que a vida assume no modo de produção capitalista, analisando, a partir disso, de que maneira esse baixo status social da vida se estabelece enquanto um ponto de articulação entre capital e as opressões de gênero, configurando, portanto, um dos aspectos dos fundamentos das relação entre capital e patriarcado.

Data da defesa: 
quarta-feira, 21 Dezembro, 2022 - 14:00
Membros da Banca: 
Profa. Dra. Angela Maria Carneiro Araújo - Presidente
Profa. Dra. Mariana Shinohara Roncato - Titular
Prof. Dr. Ricardo Luiz Coltro Antunes - Titular
Profa. Dra. Lívia de Cássia Godoi Moraes - Titular
Profa. Dra. Cláudia Maria França Mazzei Nogueira - Titular
Profa. Dra. Marilane Oliveira Teixeira - Suplente
Profa. Dra. Maria Orlanda Pinassi - Suplente
Profa. Dra. Stela Cristina de Godoi - Suplente
Nome do Aluno: 
Bruna Piazentin Martineli
Sala da defesa: 
Teses I