Entre o final dos anos 1960 e início dos anos 1970, o Brasil foi território de questionamentos importantes no campo das artes, que implicaram em interpelações conceituais e funcionais do corpo. Este período histórico é exemplar do estudo a partir do qual apresento o trabalho de três artistas brasileiros, com deficiência física: Edu O., de Salvador (BA), e Estela Lapponi e Roger Migliorini, de São Paulo (SP). A questão geral é pensar o entrecruzamento entre biografia, trajetória e repertório como fatores que implicam tensionamentos na experiência e na percepção da deficiência física. Me deterei ao âmbito da arte da performance em seus modos de criar saberes e práticas que, em consonância com a experiência do artista em suas redes, em diferentes espaços, desestabiliza os significados dados ao corpo, criando uma perspectiva que provoca fissuras em certas normatividades corporais. Para tanto, apresento a obra de arte como política corporal, nesse cenário recente das artes, que é marginal, com vistas a pensar o que ele apresenta de novo para o campo dos Estudos de Gênero, se somando ao debate existente sobre corpo e direitos. Esse contexto produziu duas alterações sensíveis para o objetivo do estudo que apresentarei: uma delas foi a abertura dos artistas e suas obras para a esfera pública, desdobrando, nesse caso específico, na ideia de arte como direito, ampliando a plural relação entre arte e política; a outra foi a diversificação das noções de corpo a partir de técnicas, métodos e saberes, que tornou possível o reconhecimento e a legitimação de uma diversidade corporal, para responder às novas significações produzidas pelas políticas do movimento. Diante disso, a arte da performance foi responsável por subsidiar novos repertórios de ativismo, fazendo a crítica aos paradigmas artísticos, governamentais e não governamentais e aos movimentos sociais em seu enfrentamento dos impedimentos sociais colocados através de doenças e lesões, transformando-os em crítica cultural e num pensamento que considera o corpo enquanto plataforma de resistência política a partir da construção de tecnologias de gênero que tensionam normatividades e suas precariedades.
ARTISTAS DE SALVADOR (BA) E SÃO PAULO (SP): ENTRECRUZANDO DEFICIÊNCIA À ARTE DA PERFORMANCE
Data da defesa:
sexta-feira, 2 Agosto, 2019 - 17:00
Membros da Banca:
Profa Dra Maria Filomena Gregori - Presidente
Profa Dra Silvana de Souza Nascimento - Titular
Profa Dra Amanda Patrycia Coutinho de Cerqueira - Titular
Profa Dra Carolina Cantarino Rodrigues - Titular
Profa Dra Isadora Lins França - Titular
Profa Dra Carolina Branco de Castro Ferreira - Suplente
Profa Dra Andrea de Moraes Cavalheiro - Suplente
Profa Dra Regina Facchini - Suplente
Programa:
Nome do Aluno:
Cláudio Leite Leandro
Sala da defesa:
Auditório I