Esta pesquisa se dedica à análise da cultura material e das redes de sociabilidades em São Paulo, entre 1580 e 1640, utilizando-se como fontes principais os Inventários e Testamentos. Desejamos, por meio do estudo da vida material, vislumbrar o cotidiano dos habitantes do planalto e atingir o seio de suas relações e formas de sociabilidade instigadas pelo trânsito de objetos e bens. Refletiremos sobre tais redes sociais no nível familiar e de vizinhança, para alcançar as sensibilidades dos moradores da vila em relação aos indivíduos e às coisas. Investigaremos as condições de vida material dos moradores da região e sua maneira de se relacionar com a cultura material, a qual os inventários nos permitem acessar. Através do estudo de certos aspectos da materialidade da vila e do domicílio conheceremos limites e possibilidades materiais da sociedade que se constituía na região.
Analisaremos as redes de relações de sociabilidades em que os indivíduos se imiscuíam, e pelas quais circulavam objetos e bens, a partir das trocas comerciais, dos empréstimos e das partilhas de bens. As trocas evidenciam a importância econômica das mercadorias, objetos e bens, apontando para diferentes níveis de riqueza e pobreza presentes na região. Os empréstimos revelam algo das relações de solidariedade e de interesse que conectavam os indivíduos de um mesmo ambiente, uma vez que faziam passar, por um período de tempo, um item de um indivíduo a outro. Já as partilhas e heranças faziam crescer ou reduzir patrimônios, desvelando dispositivos e lógicas que marcavam a dinâmica de sua constituição e reconstituição. Através dos testamentos, por fim, é possivel entrever aspectos das formas de sentir dos habitantes da região, concernentes a familia, principalmente, e a materialidade do patrimônio.
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