O estudo de artes domésticas e decorativas, dentro de onze casas sedes de fazendas, da região oeste do Estado de São Paulo. Ela tem como objetivo compreender a mudança ocorrida, dentro das residências rurais, a partir do desenvolvimento da cultura cafeeira e do enriquecimento dos proprietários de terras, com início em meados do século XIX, quando houve a ocupação da região. Estudamos essas casas sede como um patrimônio vivo, local onde o passado é representado no presente, carregada de valores afetivos e de objetos testemunhas. Um local histórico, que faz parte da memória familiar e da história local. Na casa cada objeto está disposto para despertar a memória e trazer à tona a vivência adormecida da propriedade e na região a qual está inserida.
Escolhemos duas propriedades para aprofundar os estudos, desde a implantação, história familiar, da propriedade e da região no entorno, uso e ocupação dos espaços internos, e os equipamentos utilitários e decorativos que as recheiam, sabendo que a residência só tem sentido por meio dos objetos que a compõe. Porém nossa pesquisa perpassa pelas outras nove fazendas, no que tange aos equipamentos utilitários e decorativos, buscando a compreensão do gosto e dos padrões norteadores, utilizados em seu interior, no momento da ocupação da casa. Esses objetos, considerados por nós históricos, são representativos do passado rural paulista no período cafeeiro.
Não podemos confundir essas residências com uma casa museu, pois uma casa museu é um lugar onde se guardam relíquias de um tempo passado, estagnadas dentro de um tempo histórico. As casas estudadas são em primeiro lugar uma moradia, um lar, uma representação do mundo privado de familiar, um patrimônio vivo. Mas são também um bem, patrimônio edificado, um lugar de memória. Os objetos que a compõe são vistos como bens culturais, assim nosso foco foi identificar esses bens e buscar sua valorização no mundo contemporâneo, para que não corram o risco de desaparecer.
A metodologia desse trabalho investigativo de pesquisa foi: entrevista com os proprietários e/ou gestores na qual identificamos o acervo; levantando das diferentes tipologias; inventário do acervo e analise da conservação dos objetos. Ao analisarmos os bens encontrados verificamos a necessidade de reunir as tipologias, de acordo com as funções que os objetos exerceram ou ainda exercem no cotidiano, criando uma macroestrutura capaz de nortear a construção de um índice/tesauros que tem como um dos objetivos a construção de uma linguagem temática.
Com a finalidade de contribuir para a preservação desse rico patrimônio, que em sua grande maioria permanece como herança cultural no
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seio das famílias, desenvolvemos o Glossário ilustrado do patrimônio móvel rural paulista. Onde reunimos um conjunto de definições e conceitos, associados à caracterização de cada objeto encontrado, ressaltando suas semelhanças e diferenças, buscando ser um instrumento de apoio, norteador, que poderá ajudar na identificação do que ainda está para ser encontrado em futuras pesquisas.
Ao fecharmos nosso estudo, podemos afirmar que o interior paulista não perdia em nada para as melhores casas urbanas abastadas da capital da Província do período, seus proprietários estavam em sintonia com o que havia de melhor no comércio de importação de bens móveis.
Arte doméstica decorativa no universo rural paulista: inventário e preservação
Data da defesa:
segunda-feira, 30 Setembro, 2019 - 17:00
Membros da Banca:
Marcos Tognon - Presidente (UNICAMP)
Luzia Sigoli Fernandes Costa (UFSC)
Marly Rodrigues (Secretaria Cultura SP)
Luiz Flávio de Carvalho Costa (UFRRJ)
Carlos Gustavo Nóbrega de Jesus (PUC-SP)
Programa:
Nome do Aluno:
Rosaelena Scarpeline
Sala da defesa:
Sala da Congregação do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas