“MAS AQUI AINDA É FAVELA, SÓ MUDOU A ALVENARIA, A ÉTICA CONTINUA A MESMA”: Condominização e vida social no PAC Rio Anil, em São Luís-MA.

 presente tese traz algumas reflexões a respeito do Projeto PAC Rio Anil, em São Luís, Maranhão. Com a massiva construção de habitações populares, em especial apartamentos, temos observado a reconfiguração das relações sociais nestes espaços. O Residencial Rio Anil Camboa, local onde venho desenvolvendo pesquisas desde 2015, tem mostrado alguns aspectos que considero importantes para analisar o que denomino de processo de condominização da vida social. Este processo pode ser visto em moralidades que deliberam os comportamentos individuais e coletivos naquele espaço, na violência como uma marca, um limite na delimitação das relações e nas espacialidades, práticas sociais e a relação entre o padrão de moradia (apartamentos) e modos de viver. O Residencial Rio Anil Camboa, por exemplo, é “popularmente” conhecido como “Carandiru”, em referência ao antigo e famoso presídio de São Paulo, conformando-se ao estigma de local perigoso e violento. Além disso, as diferenças entre os bairros de origem de seus moradores fizeram com que as fronteiras e o sentimento de pertencimento em relação às suas antigas localidades justificassem os conflitos existentes no Residencial, algo demarcado na fala dos moradores pela “mistura das favelas”. Centrando a atenção na forma das relações sociais nesse novo espaço - fruto de um projeto de governo onde se busca implementar um modelo de moradia (apartamento) e um projeto de reordenação espacial de populações periféricas - este trabalho tem por fim analisar de forma etnográfica, o que significa esse padrão de condominização para as famílias em especial do Residencial Rio Anil Camboa e como esse padrão de moradia tem sido adotado nos projetos de habitação popular no Maranhão e no Brasil. A partir dessa nova maneira de habitar essas famílias vão construindo suas relações com o morar, a casa, o trabalho, o dinheiro, e a própria noção de propriedade.