
Dois anos da operação escudo: chacinas e formas de controle da violência policial
- Christiano Key TambasciaOrganizador
Dois anos da operação escudo: chacinas e formas de contorno de violência policial
Ressalva quanto à data do evento:
Devido ao cancelamento por forças maiores da palestra do professor David Murray, a palestra da professora Meg Stalcup, com o tema "O trabalho de fazer as fake news", será adiantada e ocorrerá no mesmo dia, horário e local que a do professor David.
A adoção, no Brasil, do termo “fake news” surgiu durante a acirrada campanha presidencial de 2018. No rastro das eleições, tanto o Supremo Tribunal Federal, quanto o Congresso, instauraram investigações sobre a produção e a circulação de informações falsas. No entanto, como lembra Hannah Arendt, as noções de verdade e a política sempre estiveram em tensionamento. Além disso, a fabricação de narrativas políticas não é nenhuma novidade no país. Por quê, então, esse termo estrangeiro ganhou tanta adesão e permanência?
Argumento, nesta apresentação, que as “fake news” não se consolidaram no léxico brasileiro inicialmente como um referente literal, mas como um rótulo que abarca uma série de preocupações próprias da era digital: perfis falsos, ataques cibernéticos coordenados, teorias conspiratórias sobre a Covid-19 e negacionismo pandêmico. Isso leva a duas linhas de investigação. Primeiro, em vez de perguntar o que as “fake news” são em termos ontológicos, examino como elas são reconhecidas em termos epistemológicos — como certas narrativas passam a ser identificadas, rotuladas e, nesse sentido, transformadas em “fake news”. Segundo, analiso as diversas formas de trabalho que sustentam essa fabricação.
Com base em trabalho de campo em eventos como o MisinfoCon Brasil (2022) e em visitas a um laboratório de ciência da computação, reflito sobre como esse processo vai além do debate epistemológico para incluir a tradução entre públicos e plataformas, bem como o trabalho relacional de construção de confiança e redes entre jornalistas de checagem de fatos e pesquisadores de tecnologia.
Meg Stalcup, professora associada da Universidade de Ottawa, Meg Stalcup investiga como o termo fake news se consolidou no Brasil — não apenas como “notícia falsa”, mas como um rótulo para desafios complexos do nosso tempo digital: perfis falsos, ataques coordenados, teorias conspiratórias e negacionismo científico.
A pesquisadora mostra como essas narrativas ganham o selo de fake news e revela o trabalho que existe por trás dessa fabricação — desde a mediação entre públicos e plataformas até a construção de confiança entre jornalistas e cientistas.
Baseada em seu trabalho de campo em eventos como o MisinfoCon Brasil e laboratórios de tecnologia, Meg convida o público a repensar o que realmente significa “combater a desinformação”.
Não perca essa conversa sobre o poder, a política e o futuro da verdade na era digital!