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Droga e Êxtase - nº 34
Néstor Perlongher

Sair de si, tal é a fórmula do êxtase. "Ne pas se contenter d'être ce que l'on est". A asserção do antropólogo e poeta Michel Leiris (1980) recentemente falecido, ilustra bemesse impulso a romper os limites da individualidade egocêntrica e se projetar mais além" as pessoas de todas as raças estão dotadas de instituições e de usos que ,inclusive sem ser esse o objetivo expressamente visado, lhes fornece meios de cessar, ao menos por um tempo e de maneira por inteiro imaginária, de ser ,o homem ou mulher que se é na existência quotidiana, práticas muito diversas que são ocasiões concretas de o indivíduo escapar em certa medida da sua condição.

Leiris reconhece três variantes de ruptura: estar fora de si(corresponde ao transe e ao êxtase dos míticos): projetar-se num outro mundo (isso é o próprio xamâ), virar outro (através da possessão). Este texto pretende discutir até que ponto, numa sociedade bastante dessacralizada como a nossa (tendo em conta que as categorias de saída de si que LEIRIS propõe encontram seu espaço privelegiado de realização em "sociedades menos industrializadas") o consumo de substâncias denominadas genericamente drogas. e o valor dessa generalização será colocado em discussão Não constitui também em certo modo, uma tentativa (frequentemente, mas não necessariamente, cega, desesperada, malfadada) de deixar de ser aquilo que se é no circuito da vida convencional.


Série: Primeira Versão
Área de conhecimento: Ciência Política
Ano: 1991
ISSN Impresso: 1676-7039
Peso: 120 gramas
Tamanho: 12x15
Número de páginas: 20
Arquivo digital do livro: PDF icon primeira_versao-34.pdf
Resumo do livro: Arquivo indisponível
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