Vírus, cachimbos e cuidados: Uma etnografia sobre o cuidado e as drogas na pandemia de Covid

A presente dissertação se realiza a partir de uma composição que busca compreender como se dá o cuidado de pessoas que fazem uso problemático de substâncias psicoativas a partir de uma imersão etnográfica em um CAPS AD no município de Campinas - SP. Baseada nas trajetórias narradas pelos usuários que frequentam um CAPS AD em Campinas e os profissionais que lá trabalham, esta dissertação visa entender as relações que fazem existir o cuidado com os usuários de drogas; desde os macro níveis políticos que compõem o suporte legal do CAPS AD, até a gestão do CAPS AD e sua interligação com a micropolítica que compõe o cotidiano. A partir de um campo marcado pela pandemia de SARS-COV-2, dificuldades contextuais se sobrepõem ao contexto de precarização das políticas públicas de saúde - Sistema Único de Saúde (SUS) e a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Foram realizados, ao todo, cinco meses de trabalho de campo (de janeiro a março de 2021 e de outubro a novembro do mesmo ano) em um CAPS AD de Campinas. Neste período acompanhei os trabalhadores e usuários desta política em suas aflições fora do CAPS AD para entender quais tensões e relações cruzam a lógica do cuidado que é moldado pelos usuários problemáticos de drogas, assim como é construído pelos trabalhadores que realizam a estrutura legal que torna estas instituições de saúde uma realidade concreta. Assim, guiado pela busca por compreender como foi possível efetivar o cuidado psicossocial naquele momento, esta pesquisa se propõe a enunciar e entrelaçar trajetórias pessoais com tecnologias burocráticas, processos históricos e dispositivos de controle biopolítico.