Trançando com os Baniwa: por uma TRANSformAÇÃO de "nós", Kariwa

Esta tese-objeto - em alusão a um cesto de palha baniwa - é a busca pelo tecimento de experiências etnográficas e educacionais por meio do diálogo entre múltiplas vozes, dimensões, sentidos e percepções de mundos, principalmente baniwa e kariwa (na língua yegatu, não indígenas). Assim, parte-se do trabalho de campo e da pesquisa coletiva - realizada junto com professores baniwa da escola indígena Kariamã, localizada na comunidade de Assunção, alto rio Negro (Amazonas), rumo à montante do rio Içana e seus afluentes - para tecer novas formas de escrita e de circulação dos conhecimentos, por meio da experimentação metodológica do trançado. Essa pesquisa trança diálogos entre saberes, epistemologias, dimensões de vida e experiências educativas, metaforizando o processo de confecção de um objeto de palha desenhado com grafismos, tal como é feito em uma das artes milenares baniwa, sendo essa uma proposta de descolonizar e multiplicar modos de produção de conhecimentos. Dessa forma, a tese dialoga, sobretudo, com a etnologia rionegrina (Geraldo Andrello; Gersem Luciano; André Baniwa; Tiago Oliveira; Robin Wright; et al.), com algumas teorias decoloniais (Ailton Krenak; Jose Angel; Boaventura de Souza; Silvia Cusicanqui; et al.), além de autores da etnologia sul-americana, como Viveiros de Castro; Davi Kopenawa e Bruce Albert. Na tese, os movimentos textuais e reflexivos, pela perspectiva dos trançados, são impulsionados pelas leituras visuais de alguns grafismos da arte baniwa; de modo que, a partir de exercícios do olhar, procura-se dinamizar os conhecimentos mobilizados nos textos. Essa iniciativa busca trazer para a prática (praticar) aquilo que aprendi com as dinâmicas educacionais e comunicacionais baniwa em minhas vivências etnográficas. Assim, a leitura da tese é feita a partir da escolha das imagens gráficas, clica-se nelas no sumário interativo, para ser direcionada ao texto escolhido. A ordem não é linear e/ou sequencial, a proposta é que as leitoras possam movimentar seus conhecimentos (confeccionar seu próprio objeto) a partir de uma experiencia interativa com as reflexões e experiências tecidas nos textos da tese.