A presente dissertação pretende produzir uma reflexão sobre as relações estabelecidas entre a testosterona exógena (medicamentos compostos por testosterona) e experiências transmasculinas. Proponho uma leitura que leve em conta a categoria sexo como central para pensarmos as alianças entre humanos-hormônios, dado que a testosterona é classificada taxonomicamente enquanto um hormônio sexual, seja ela endógena ou exógena. Portanto, sua atuação está implicada na noção de sexo. Assim, as ingestões transmasculinas apontam para uma produção e multiplicação da natureza e das possibilidades anatomofisiológicas de um corpo humano. Esta análise se preocupa em pensar a produção processual de um corpo, assim como historicizar as mudanças do modelo da diferença sexual, para que possamos nos perguntar acerca das transformações em curso. Para tanto, desenho a fricção entre a possibilidade de imaginar um corpo, e imaginar um mundo onde este corpo possa viver. Portanto, é através de momentos etnográficos, como um curso de extensão de saúde pública, experiências pessoais em atendimentos médicos e momentos cotidianos vividos com outros transmasculinos que costuro conceitos êmicos à teoria antropológica, teoria queer e crítica feminista à ciência.