Se guiar e parar: as práticas de cultivo na comunidade de Anã – Rio Arapiuns, Santarém, PA

Entre as temporalidades de diferentes processos locais, este estudo etnográfico aprofunda-se em práticas e conhecimentos envolvendo vegetais na comunidade de Anã, rio Arapiuns, município de Santarém, PA. Para tanto, tem por foco nos cuidados dos habitantes às plantas envolvidas nas modalidades sedentarizadas e itinerantes de cultivo, quintais e roças, respectivamente. As práticas de cultivo sempre foram muito importantes em Anã, desde a chegada dos primeiros habitantes até os dias atuais, quando passou a fazer parte da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns. Os relacionamentos íntimos com vegetais nas roças e quintais demonstram diferentes fito-caracterizações. Este trabalho se debruça em duas destas, se guiar e parar, que se voltam para as performances dos exemplares cultivados e em como estes se co-constituem com diversos sujeitos humanos e outros-que-humanos. Atrelados aos movimentos e às capacidades de atração vegetais, o estudo etnográfico mostra que estes dois termos não apenas conseguem desestabilizar alguns paradigmas biológicos, mas expõem como plantas cultivadas constroem arranjos ambientais e ecologias políticas, compostas por seres encantados, entidades religiosas e ambientalistas.