A Representatividade Sindical no Brasil do século XXI: as centrais sindicais conservadoras e a representação dos sindicatos de categorias precárias

Nas primeiras décadas do século XXI, as centrais sindicais brasileiras passaram por um intenso processo reorganização, com a cisão e fusão de entidades existentes e a criação de novas entidades. Surgiram, nesse período, algumas centrais sindicais de perfil conservador que se destacaram por alcançar um rápido crescimento, principalmente entre os setores do sindicalismo marcados pelo trabalho precário, indicando existir novas dinâmicas organizativas incidindo sobre as cúpulas sindicais. A presente dissertação tem por objetivo compreender como as mudanças na representatividade das centrais sindicais impactaram na capacidade de representação dessas entidades durante os anos de 2003 a 2016 no Brasil, período que corresponde aos governos do Partido dos Trabalhadores. A partir de uma abordagem qualitativa e quantitativa, analisam-se: os contextos econômico, político e institucional que definiram o terreno de disputa entre as centrais sindicais; as características das bases de sindicatos das centrais e os fluxos existentes na movimentação de sindicatos entre tais bases; e alguns aspectos da atuação das centrais sindicais conservadoras relacionados à disputa pelo aumento de suas bases. Argumenta-se, assim, que as mudanças em curso favoreceram as centrais sindicais conservadoras, por tais centrais possuírem maior inserção entre os sindicatos de categorias precárias, polo de maior dinamismo na criação de emprego e na sindicalização, e por terem sido beneficiadas pela Lei de Reconhecimento das Centrais Sindicais, que estabeleceu a representatividade aferida por procedimentos administrativos.