No planalto central de Angola as tradições e suas narrativas ocupam um espaço nada desprezível na vida cotidiana de seus habitantes, especialmente para as pessoas que vivem em pequenos aglomerados urbanos ou em aldeias rurais, como é o caso do histórico Reino do Bailundo. Esses modos de viver e de narrar eclodem de forma imperativa em muitas situações da vida desse lugar. A tradição é acionada em contextos diversos, formas heterogêneas de lidar com tais narrativas e práticas se tornam visíveis a partir de lugares socialmente demarcáveis. As articulações de gênero e de gerações são fatores marcantes dessas diferenças. Mas, as tradições também ocupam um campo de disputa política e desigual no que tange ao projeto definição da nação angolana. Acredita-se que no Reino do Bailundo – local empírico de realização da pesquisa – viver e se firmar no mundo é participar, e se apropriar de um conjunto de valores e de práticas conformada pela tradição. A assunção em favor dessas continuidades acontece juntamente com outra narrativa, igualmente viva, que é do mundo pós-colonial em Angola e seus complexos processos históricos. Para o caso do planalto central, a tradição fala de convergências e por isso mesmo ambíguas porque nem África, nem Angola e menos ainda o Reino do Bailundo estão fora da escala do mundo, das relações de mercado e de uma série de normas impostas pelo tempo atual. O que tudo indica que eles querem é justamente afirmar a suas tradições como forma de localizarem em meio a essa contemporaneidade.
O Reino do Bailundo e os modos de viver e narrar as tradições: fragmentos de uma Angola contemporânea
Data da defesa:
quarta-feira, 14 Outubro, 2020 - 12:00
Membros da Banca:
Prof. Dr. Omar Ribeiro Thomaz (Presidente) - UNICAMP
Profa. Dra. Natália Corazza Padovani - UNICAMP
Dra. Rosane Aparecida Rubert - UFPEL
Dra. Vera Regina Rodrigues da Silva - UNILAB
Profa. Dra. Lucilene Reginaldo - UNICAMP
Programa:
Nome do Aluno:
Santa Julia da Silva
Sala da defesa:
Integralmente à distância - http://meet.google.com/fig-rhbt-ssv