Nas últimas décadas, temos testemunhado a apropriação de tecnologias audiovisuais por diversos povos indígenas ao redor do globo, que as têm mobilizado enquanto estratégia de resistência política e cultural. No Brasil, o chamado “cinema indígena” surge a partir da década de 80 e seu amplo desenvolvimento esteve associado, nomeadamente, à atuação da ONG Vídeo nas Aldeias. Hoje, as sementes plantadas por este projeto inaugural brotam entre diferentes povos, cujas produções vêm assumindo novas e variadas formas. Este pulsante processo de transformação na relação dos indígenas com a linguagem audiovisual é, na presente pesquisa, observado entre diferentes povos do Território Indígena do Xingu (TIX). As reflexões aqui desenvolvidas ancoram-se na análise etnográfica de dois campos empíricos distintos que, a despeito de seus entrecruzamentos, parecem configurar diferentes regimes de produção e circulação imagética operantes nas aldeias da região. O primeiro deles é descrito a partir de uma oficina de formação audiovisual oferecida pela ONG Instituo Catitu, que se singulariza pelo seu foco na capacitação de mulheres indígenas (na oficina analisada, mulheres Ikpeng e Kawaiweté). O segundo, é descrito a partir da realização do Quarup, emblemático ritual funerário alto-xinguano. Por meio da observação destas distintas realidades empíricas, sugere-se que hoje se desenha no TIX uma intrincada paisagem midiática que compõem-se tanto por formas mais “institucionalizadas” de produção audiovisual quanto por formas mais “difusas”. Em outras palavras, a produção audiovisual xinguana, antes dependente dos recursos e da atuação de organizações externas às comunidades, hoje “transborda”: vem encontrando seus próprios modos de capacitação e produção, assumindo sua própria linguagem e forma estética e, também, criando seus próprios meios de circulação e recepção.
Regimes de Produção e Circulação Imagética no Território Indígena do Xingu
Data da defesa:
segunda-feira, 18 Junho, 2018 - 17:00
Membros da Banca:
Antonio Roberto Guerreiro Junior - Orientador
Joana Cabral de Oliveira - membro interno
André Guimarães Brasil - membro externo
Artionka Manuela Goes Capiberibe - suplente interno
Edgar Teodoro da Cunha - suplente externo
Programa:
Nome do Aluno:
Luiza de Paula Souza Serber
Sala da defesa:
Sala de Defesa de Teses
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