OS MÉDICOS CUBANOS COOPERADOS NO BAIXO OIAPOQUE: SOBRE POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA JUNTO A POVOS INDÍGENAS

Esta dissertação aborda a relação entre os profissionais biomédicos da saúde, especificamente os/as médicos/as cooperados/as cubanos/as, e os povos indígenas atendidos pelo Subsistema de Saúde Indígena (SasiSUS) por meio de um estudo de caso realizado na região amazônica do baixo rio Oiapoque. Desde a criação do Subsistema de Saúde Indígena (SasiSUS), em 1999, as Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena da região operam com vagas não preenchidas de médicos, situação que mudou em 2013 com a implantação do Projeto Mais Médicos para o Brasil (PMMB), uma política que visa a levar esses/as profissionais aos cantos mais remotos do país. O objetivo desta tese é contextualizar qualitativamente a implantação do PMMB no SasiSUS e analisar o impacto da presença de médicos/as nos processos de saúde-doença-cuidado-cura na região onde foi realizado o estudo de caso. Isso foi feito com base na triangulação de dados obtidos (i) na análise crítica da legislação e dos documentos de políticas relevantes, (ii) em entrevistas semiestruturadas realizadas com os/as gestores das políticas, profissionais de saúde indígenas e não-indígenas e líderes indígenas, (iii) e em pequenas incursões de pesquisa de campo na região do baixo Oiapoque. A implementação do PMMB no Subsistema de Saúde Indígena (SasiSUS) não foi diferente dos outros serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), pois deslocou centenas de médicos/as cubanos/as para as Terras Indígenas e exigiu adaptações de acordo com as diferenças que eles/as perceberam na execução da política. Esses/as profissionais, formados em uma economia política da saúde diferente, mostraram outras formas de fazer medicina que permitiram um olhar crítico sobre a "atenção diferenciada" defendida pela Política Nacional de Atenção à Saúde Indígena (PNASPI). Com este trabalho, busco mostrar caminhos para uma diferenciação que (i) não seja genérica, capaz de perceber e valorizar as especificidades de cada povo indígena, (ii) não apenas "humanizada" conforme a Política Nacional de Atenção Básica (BRASIL, 2012), mas também atenta aos "outros humanos" envolvidos no processo saúde-doença-cuidado-cura na Amazônia, (iii) e sobretudo biomédica, em seu pleno desenvolvimento institucional - o que inclui a atuação dos/as médicos/as.

Data da defesa: 
quinta-feira, 17 Agosto, 2023 - 14:00
Membros da Banca: 
Profa. Dra. Artionka Manuela Góes Capiberibe (Presidente) (Orientador)
Dra. Valéria Mendonça de Macedo - Universidade Federal de São Paulo
Dra. Esther Jean Langdon - Universidade Federal de Santa Catarina
Dra. Marina Pereira Novo - Universidade Estadual de Campinas
Dra. Lúcia Dias da Silva Guerra - Universidade de São Paulo
Nome do Aluno: 
Karine Assumpção
Sala da defesa: 
Sala de Defesa de Teses I