Esta tese pretende evidenciar a dimensão cosmopolítica da luta pela terra, água e floresta em quatro contextos brasileiros, ao analisar os efeitos da transformação ritual de lideranças camponesas e indígenas, assassinadas em zonas de intenso conflito fundiário na Amazônia e Nordeste brasileiros, em mártires da terra e encantados, para compreender a dimensão simbólica da luta pela terra nestas regiões do país, a partir da realização de trabalhos de campo de caráter etnográfico em três romarias organizadas e/ou apoiadas pelas regionais da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Conselho Indigenista Missionário (CIMI): a Romaria da Terra e da Água Padre Josimo, que acontece no mês de maio, a cada dois anos, nas cidades de São Sebastião do Tocantins e Buriti do Tocantins; a Romaria da Floresta, que ocorre no mês de julho em Anapu-PA; e a Romaria dos Mártires da Caminhada, também realizada em julho, no município de Ribeirão Cascalheira-MT, onde está localizada a Galeria dos Mártires da América Latina; e a Assembleia Anual Xukuru do Ororubá, que acontece no mês de maio, em Pesqueira-PE. Ao refazer o caminho dos mártires e encantados nos locais dos assassinatos e sepultamentos, estes grupos modificam sistemas simbólicos, quando reafirmam, por exemplo, que os líderes mortos “continuam vivos e presentes na caminhada”, foram “plantados como sementes” ou que seu “sangue fortalece a luta pela terra”. O ato narrativo e a caminhada sugerem a modificação do estatuto da vida e da morte (traduzida em violência) ao recolocar o líder martirizado e encantado no centro do enfrentamento cotidiano por direitos humanos descritos como fundamentais: terra, água, floresta e vida. A partir de narrativas orais (cantos, falas) e visuais (fotografias, objetos pessoais, painéis, camisetas, entre outros) estes grupos trazem à tona a dimensão criativa e reivindicativa destas romarias e assembleias, que homenageiam suas lideranças assassinadas, e transformam mártires e encantados em operadores de relações entre pessoas e mundos.
A luta se faz caminhando: Sacralização de lideranças camponesas e indígenas assassinadas em contextos de conflito de terra no Brasil
Data da defesa:
segunda-feira, 11 Novembro, 2019 - 17:00
Membros da Banca:
Profa. Dra. Emilia Pietrafesa de Godoi (Presidente) - UNICAMP
Profa. Dra. Nashieli Cecilia Rangel Loera - UNICAMP
Profa. Dra. Artionka Manuela Góes Capiberibe - UNICAMP
Dra. Maria Cristina Pompa - UNIFESP
Dr. Edson Hely Silva - UFPE
Programa:
Nome do Aluno:
Edimilson Rodrigues de Souza
Sala da defesa:
Sala de Defesa de Teses do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas