É com profunda tristeza que escrevemos essa breve homenagem ao Professor Doutor Márcio Augusto Damin Custódio, que nos deixou no dia 06 de maio de 2025.
Professor do Departamento de Filosofia da UNICAMP, o professor Márcio Damin construiu uma trajetória acadêmica marcada pelo compromisso rigoroso com o pensamento filosófico e pela generosidade com a comunidade acadêmica. Antes de integrar a Unicamp, lecionou na Universidade Estadual de Maringá (UEM, 1998–2004) e na Universidade Federal da Bahia (UFBA, 2004–2010), deixando marcas duradouras por onde passou.
Sua pesquisa foi dedicada, com profundidade, a vários problemas relacionados à ciência, filosofia da natureza, metafísica e História da Filosofia Medieval e Moderna. São valiosos, sobretudo, os seus estudos da Filosofia Medieval e do Início da Idade Moderna, campo no qual se destacou ao desenvolver uma tese sobre Thomas Bradwardine, sob orientação da professora Fátima Évora e com período de supervisão em Chicago, sob a orientação do professor Daniel Garber. Ao longo dos anos se dedicou à pesquisa com diversas parcerias, em diálogo com filósofos do Brasil, de Portugal, dos Estados Unidos e de várias partes do mundo, dedicando-se, atualmente, a investigar questões de metafísica em Filipe Chanceler e Tomás de Aquino. Entre essas parcerias, a mais especial se realizou com a professora Sueli Sampaio Damin, sua interlocutora e colaboradora privilegiada, pensando questões da filosofia de Nicolau Oresme e, mais recentemente, de Margaret Cavendish. Com esse mesmo rigor, orientou ao longo dos anos inúmeras dissertações e teses em filosofia medieval e moderna, formando gerações de professores e pesquisadores que hoje carregam sua influência intelectual e ética.
Professor Márcio Damin foi, sobretudo, um grande mestre e parceiro intelectual. Ensinou-nos que é preciso cultivar, com persistência e honestidade, ter “modéstia nos objetivos e paciência no conceito”. Acreditava firmemente no valor da pesquisa em grupo, na importância do apoio mútuo e do impacto do debate filosófico público. Seu entusiasmo pelo diálogo — sempre franco, por vezes caloroso, mas nunca desrespeitoso — nos ensinou que a troca de ideias é a alma viva do fazer filosófico e o que nos fortalece enquanto coletivo.
Mas quem conviveu com Márcio sabe que sua presença ia muito além da sala de aula, com seus esquemas de lousa magistrais, ou da pesquisa. Um grande amigo, um porto seguro para dúvidas, angústias, sonhos e conquistas. Partilhava conosco suas inquietações filosóficas e políticas, e se revelava igualmente generoso ao falar de suas paixões: o jazz, a fotografia, a culinária e o cinema. Estava sempre disposto a uma boa conversa, daquelas que nos tocam profundamente e nos transformam para além da vida acadêmica.
A ausência de Márcio será sentida com dor, mas sua lembrança permanecerá como um afago constante em nossos corações e como referência de integridade, inteligência e afeto. Suas histórias serão lembradas e recontadas com carinho na esperança de prolongar sua presença.
Nós, do Grupo de Pesquisa Metafísica e Política e do Grupo Physis, lamentamos profundamente sua partida precoce. Manifestamos nossa solidariedade à sua esposa, Sueli Sampaio Damin Custódio, e aos familiares; à sua orientadora e colega de trabalho, Fátima Regina Rodrigues Évora; a seus amigos e amigas; a seus orientandos e orientandas, que foram também sua família acadêmica e afetiva.
Que sua memória siga nos inspirando a fazer filosofia de maneira rigorosa, pública e
coletiva.
Grupo de Pesquisa Metafísica e Política
Grupo Physis
Campinas, 06 de maio de 2025