Fazendo Barraco: Intervenções sexo-arquitetônicas da política habitacional e a incompletude da casa

A partir de uma etnografia com pessoas LGBTQIA+ que participam de movimentos de moradia no Brasil, a pesquisa segue dois caminhos paralelos que convergem na preocupação de entender como a ideia de Casa se articula com gênero, sexualidade e raça. Uma linha de investigação analisa a política habitacional em seu caráter de scientia sexuales (Foucault, 1999), ou seja, na sua intenção de formatar um ideal de sexualidade e de família na conformação arquitetônica da casa, corrigindo as patologias sexuais consideradas promíscuas. Essas intervenções sexo-arquitetônicas da política habitacional são entendidas na sua intenção de privatização da abjeção e, posteriormente, na difusão de um modelo de família. Na segunda linha de investigação, busco compreender, a partir principalmente de trajetória de uma interlocutora que serve como fio condutor na análise, de que maneira se criam, inventam, testam e experimentam relações com a casa. Esse perambular criativo em busca de noções alternativas de casa são entendidos a partir dos movimentos expulsivos experienciados nas casas (pelas famílias, por vizinhos, nos cortiços, nas remoções forçadas do Estado) reportados nas trajetórias de interlocutores, assim como de suas experimentações na conformação de casa, desejo, sexualidade e família. Na convergência das duas linhas, eu avento a possibilidade teórica de se pensar uma casa não calcada na heterossexualidade.

Data da defesa: 
sexta-feira, 24 Março, 2023 - 09:00
Membros da Banca: 
Profa. Dra. Nashieli Cecilia Rangel Loera - Orientadora
Prof. Dr. Luiz Gustavo Freitas Rossi - Universidade Estadual de Campinas
Prof. Dr. Thomas Jacques Cortado
Profa. Dra. Antonádia Monteiro Borges - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Profa. Dra. Maria Elvira Diaz Benitez - Universidade Federal do Rio de Janeiro
Nome do Aluno: 
Gustavo Belisario D'Araujo Couto
Sala da defesa: 
Sala de Defesa de Teses I