Fantástica ciência: gênero e espécie na protoficção científica brasileira (1900-1930)

Esta tese tem por objeto a literatura de transição entre o fantástico e a ficção científica, a chamada protoficção científica, produzida no Rio de Janeiro, nas três primeiras décadas do século XX. Busca demonstrar que os autores recortados – Gastão Cruls, Berilo Neves e Coelho Netto – fizeram da ciência um instrumento do fantástico. Assim, a pesquisa rastreou debates e tensões sociais imbricados nesta literatura, enfatizando os dilemas relacionados à sexualidade, ao gênero e à espécie, que acompanharam a popularização das teses da nascente endocrinologia sexual, no período em tela. Buscou a trajetória de ideias que, vindas do discurso científico, popularizaram a ciência dos hormônios, por meio da literatura, que dialogava com uma intervenção normativa sobre o corpo e o sexo, inédita até então: a manipulação hormonal em corpos humanos e animais, propondo teorias que reformulavam a compreensão da fisiologia e da sexualidade. Ao desestabilizar o conceito de humano por meio das figurações do monstruoso, do animal e da máquina, e ao perturbar as noções tradicionais de gênero, sexualidade e fertilidade, a protoficção científica oferece espaço estratégico para compreender as tensões entre lutas sociais, literatura e ciência na modernização brasileira.

Data da defesa: 
sexta-feira, 17 Janeiro, 2025 - 14:00
Membros da Banca: 
Nádia Farage - Orientadora (UNICAMP)
Sidney Chalhoub (UNICAMP)
Luiz Fernando Dias Duarte (UFRJ)
Luiz Cesar Marques Filho (UNICAMP)
Mariana Claudia Broens (UNESP)
Nome do Aluno: 
Jude Bauab Levai
Sala da defesa: 
Sala de Defesa de Teses - IFCH/UNICAMP