Entre mulas do tráfico e traficantes: etnografia de processos criminais de tráfico internacional de drogas no Fórum Federal de Guarulhos.

Esta dissertação é resultado de uma etnografia das práticas de Estado relacionadas a pessoas não-brasileiras acusadas de tráfico internacional de drogas. Tendo o Fórum Federal de Guarulhos, como seu lócus etnográfico, a pesquisa analisou os modos pelos quais agentes e agências estatais compreendem e constroem categorias que governam deslocamentos e produzem categorias criminais na justaposição com mecanismos de controle das fronteiras nacionais. Audiências, despachos, sentenças, leis e documentos juntados em processos criminais compuseram os objetos de análise da pesquisa. Foram examinadas as construções e articulações de categorias judiciais e migratórias – respaldadas em atributos de gênero, raça, classe e nacionalidade –, articuladas a partir de noções de “culpa”, “consciência”, “vulnerabilidade”, entre outras. A análise da produção de fronteiras passa, assim, pela análise de diferente âmbitos: desde políticas internacionais até a prática local de agentes estatais. Tais fronteiras são produzidas a partir da produção e operação de categorias que distinguem pessoas entre os movimentos privilegiados de algumas pessoas e os movimentos, migrações e interconexões proibidos, estigmatizados e co-dependentes de outras.