O CURRÍCULO E O ENSINO DE HISTÓRIA NAS MALHAS DO NEOLIBERALISMO: COMPETÊNCIAS E FORMAÇÃO HISTÓRICA

Este trabalho pretende investigar quais são as concepções de aprendizagem nas atuais reformas educacionais brasileiras, especificamente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) de História. Em consonância com as pesquisas que interpretam o currículo como fruto de uma construção social, envolvido em jogos de poder políticos e acadêmicos, contradições teóricas e de objetivos educacionais, e de que o ensino e a aprendizagem históricas devem se pautar em uma cognição situada na própria ciência da História e não em uma didática geral, nossa intenção é apreender qual formação histórica o modelo curricular vigente advoga. Nossas reflexões se inserem, portanto, nos estudos sobre o currículo e a aprendizagem histórica, tendo como base a Teoria e a Didática da História do historiador alemão Jörn Rüsen. Partimos da hipótese de que a Base Nacional Comum Curricular de História não leva em consideração as especificidades teóricas e metodológicas próprias da aprendizagem e do ensino dessa disciplina, como também não possibilita uma formação de um pensamento e consciência históricos para a vida prática. Acreditamos que compreender tais aspectos podem propiciar a construção de caminhos e maneiras de romper com a lógica curricular do ensino por competências e desenvolver vias alternativas para a aprendizagem histórica. Sustentamos, ainda, que as reflexões aqui propostas podem oferecer aos professores de modo geral e, especialmente aos de História, ferramentas teóricas e práticas que potencializem, tanto para si mesmos quanto para seus alunos, uma formação histórica que os permita olhar o mundo de uma forma mais complexa e humana.