Cultura e Revolução: as ideias de Gramsci em Cuba (1959–1971)

esta pesquisa investiga os processos de tradução e circulação do pensamento de Antonio Gramsci entre os intelectuais cubanos na primeira década pós-Revolução de 1959. Mapeamos autores, grupos intelectuais, publicações de livros, revistas e jornais nos quais as ideias gramscianas são encontradas, assim como seus interlocutores. Trabalhamos com a hipótese de que a recepção do pensamento de Gramsci em Cuba entre 1959 e 1971 esteve associada a um grupo marginal dentro da cultura comunista da ilha. Os intelectuais que mobilizaram as ideias do sardo ocupavam posições secundárias no Partido Comunista Cubano e tinham limitada capacidade de dirigir o Estado revolucionário. Procuraram inovar o vocabulário político marxista-leninista recorrendo a Gramsci e a diversos outros autores, sem, no entanto, romper definitivamente com a ortodoxia comunista. Os cubanos que fizeram referências ao pensamento de Gramsci sempre compuseram as fileiras do “marxismo de matriz comunista”, isto é, da intepretação do marxismo difundida pela III Internacional Comunista. Essa interpretação passou por processos de dogmatização e cristalização após a consolidação de Stálin à frente da União Soviética, resultando na codificação da ideologia sob o rótulo de “marxismo-leninismo”. O trabalho recorre às abordagens metodológicas do contextualismo linguístico propostos pela “Escola de Cambridge” e às noções gramscianas de “tradução” e “tradutibilidade. Reconstruímos os diálogos dos gramscianos cubanos com seus interlocutores para compreender os termos em uso corrente naquele contexto linguístico e político, bem como os objetivos dos autores ao escreverem.

Data da defesa: 
sexta-feira, 1 Março, 2024 - 14:00
Membros da Banca: 
Profa. Dra. Daniela Xavier Haj Mussi (Presidente) - IFCH/UNICAMP
Profa. Dra. Joana Salem Vasconcelos - UFABC
Prof. Dr. Álvaro Gabriel Bianchi Mendez - IFCH/UNICAMP
Nome do Aluno: 
Igor Mattos Marquezine
Sala da defesa: 
Sala de defesa de Teses I