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Esta tese de doutorado é fruto do trabalho de campo realizado desde o ano 2014 nas aldeias de Tourém e Pitões das Júnias (Montalegre, Portugal). O foco de análise é o sistema agrícola de ambas as aldeias. Como a intenção é estudar o sistema agrícola, foi preciso fazer uma análise das configurações sociais que estão por trás das unidades produtivas, entendidas como casas-camponesas. Casa enquanto categoria analítica que extrapola os significados de produção, englobando, terras, pessoas, animais, reputação e nomes. Quando digo sistema agrícola, estou me referindo a um diálogo presente nas narrativas dos agricultores de uma tríade intersubjetiva entre humanos-terras-animais. Por isso, esta tese faz um exercício de analisar elementos que compõem essa tríade. Entre esses elementos, destaco as terras, os sistemas de regadio, os cultivos e o gado. Por exemplo, as diferentes terras das aldeias que dão suporte a essa atividade produtiva, têm diferentes nomes, diferentes regimes legais, diferentes usos e albergam diferentes cultivos. Estes últimos, também têm seus tempos, as culturas, suas demandas e as tecnologias mobilizadas em cada processo produtivo. Há também o gado que compõe o foco das atenções dos agricultores. Todos esses elementos são conhecidos pelos agricultores em sua atividade cotidiana, portanto, o conhecimento e a experiência são elementos que estão presentes na relação. São analisados ao longo da tese as práticas agrícolas atuais e o processo histórico dos diferentes cultivos, as formas em que chegaram nas aldeias e se inseriram no sistema agrícola. Com isso, mobilizo categorias analíticas como territorialidade, paisagem e a relação humano e não humano.