A vida das rendas de bilros em Ilha Grande, Piauí
Enviado por secr_pos_antropo em qua, 01/08/2018 - 11:06A partir de minha etnografia a respeito do processo de confecção das rendas de bilros na Casa das Rendeiras em Ilha Grande, Piauí, parto das questões "Como narrar o fazer das rendas de bilros de modo a trazer minhas observações e descrições sem, contudo, fazer o processo parecer estanque e previamente controlado?” “Como mostrar os movimentos do fazer?
Para isso tive que repensar um texto que pudesse expressar alguns movimentos emaranhados das rendeiras com os materiais: o ato de operar com as linhas dos desenhos no papelão que são guias na condução das rendeiras e, os movimentos de troca de bilros entrelaçando as linhas de algodão formando os pontos e gerando uma superfície tecida de renda. Segui os materiais no intuito de mostrar modos de conhecer as coisas e algumas relações que elas engendram.
Fiando-me aos conceitos de Ingold (2007; 2011; 2013) do fazer, linhas, movimentos, superfícies, materiais, traços e gestos e de uma antropologia gráfica experimento compor diferentes grafias na construção do texto e evidenciar a importância da proposta. E como essas questões e observações teceram a minha própria tese.
Acionando noções de forma e desenho intento um experimento de abrir linhas de desenhos de rendas para trazer algumas formas visíveis do movimento de rendar possíveis de serem conhecidas a partir do processo de feitura das rendas. O desenho kene e as formas nas perspectivas de Lagrou (2007;2013) e Belaunde (2012), me orientam para uma associação entre os desenhos e as rendas de bilros envolvendo o corpo feminino.