Um grito chamado silêncio - Uma errância etnográfica da pegação à produção social dos parques Ibirapuera
Enviado por secr_pos_antropo em seg, 10/07/2017 - 16:57A presente pesquisa configura-se em experimento etnográfico através do qual foi possível elaborar densa reflexão acerca do processo de produção social do parque Ibirapuera (e entidades "públicas" correlatas, como o Bananal e o Autorama) na cidade de São Paulo como um nó de atribuição de sentidos atinentes à temática da diversidade sexual. O ponto de partida da errância etnográfica foi o bosque aqui tratado por Bananal, onde é contumaz e flagrante a presença de homens que se relacionam erótica e afetivamente com pessoas do mesmo sexo, muitas vezes em um registro de interação socioespacial aqui designado por pegação. No curso da pesquisa, contudo, uma série de outras instâncias produtoras de sentido e espaços foram acessados, tais como as reuniões do Conselho Gestor do parque Ibirapuera, rolezinhos, notícias, documentos institucionais, ativistas e outras áreas do parque. Tais deslocamentos estiveram fortemente articulados à errância antropológica: partimos aqui de um debate sobre afeto e erotismo entre homens para adentrar os terrenos da produção negociada do espaço, fronteiras sociais, convenções de "público" e "privado", políticas sexuais, pânicos morais e violência. Pesquisa foi viabilizada por uma série de procedimentos metodológicos que incluíram trabalho de campo, entrevistas itinerantes e semi-estruturadas e análise documental, e foi elaborada de acordo com referenciais reconhecidos dentro dos parâmetros epistemologicamente entendidos como concernentes à Antropologia Social. Os resultados da mesma apontam para a criação de referenciais para pensar a construção negociada e sexualizada de espaços "públicos".