Prazeres Pentecostais: negociando intimidades e artigos eróticos no Capão Redondo e Jardim Ângela
Enviado por secr_pos_antropo em sex, 05/05/2017 - 11:53A partir de etnografia em lojas de lingerie que revendem cosméticos e acessórios eróticos na periferia de São Paulo, essa pesquisa buscou identificar relações e discursos que cooperam a venda e consumo de bens eróticos e coproduzem significados de gênero e sexualidade. Nesse contexto, as religiosidades pentecostais, cuja presença é marcante na região, foram intensamente mobilizadas como importantes operadoras de significados para as práticas sugeridas e realizadas pelos artigos eróticos. Nas prescrições evangélicas as fronteiras entre o pecado e a pureza são estriadas, agenciadas e negociadas para categorizar bolinhas explosivas, géis para massagem, próteses entre outros. Inseridos em fluxos mais amplos de capital e informações, os interlocutores do Capão Redondo e do Jardim Ângela capilarizam um movimento maior gestado por empresários do ramo e pastores engajados na articulação entre os sentidos do mercado erótico e a preservação do casamento, central nas propostas evangélicas e já reforçado nos movimentos de feminização e segmentação da venda de artigos eróticos. Inspirados pela Bíblia, tanto os interlocutores dos bairros quanto do mercado mais abrangente gestam e divulgam através e com os artigos semânticas de gênero, sexualidade, conjugalidade e religiosidade em negociações de possibilidades que transitam entre o sugestivo e o normativo, o prazer e o pecado. Nessa pesquisa as religiosidades pentecostais marcaram as práticas e narrativas, configurando e borrando fronteiras e revelando os feixes de relações que os sujeitos estabelecem tanto com os artigos quanto com as religiosidades em complexas articulações.