Publicações

Nas primeiras décadas do século XX, São Tomé e Príncipe foi palco de interações entre os mais variados grupos sociais. São-tomenses letrados (das mais diferentes classes sociais), serviçais, europeus ricos e pobres e africanos (vindos de outras partes do continente) estabeleciam relações diversas, marcadas por disputas, alianças, discriminações e solidariedade. Nesse contexto surge, ao final da década de 1910, o jornal A Liberdade, com o objetivo de defender os ideais republicanos e a igualdade racial no arquipélagoatlântico. Calcado na circulação de ideias pan-africanistas que ascendiam na Europa e nas Américas e, principalmente, na Constituição da República Portuguesa, promulgada em 1911, o periódico expunha seus projetos, suas demandas, suas identidades e denúncias contra as autoridades coloniais que, segundo eles, desrespeitavam o texto constitucional. O presente trabalho toma A Liberdade como fonte e objeto para perceber o lugar social do grupo que o escrevia e as alterações de expectativas, identidades e qualidade de vida que a República trouxe para essas pessoas, procurando superar o binômio oprimido versus opressor, e percebendo a complexidade das relações estabelecidas entre os grupos de colonizados e colonizadores, em si nada homogêneos.
Série: Monografia Ano: 2022