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O trabalho científico de Leonardo da Vinci foi, talvez, a principal inspiração da investigação histórica de George Sarton. Ele acabou por não produzir nenhuma obra à altura de suas aspirações sobre o tema, mas o pouco que escreveu sobre Leonardo é revelador da importância que lhe atribuía na história da ciência. Isso é particularmente claro no tratamento dado a Leonardo nas referências de Sarton à descoberta da circulação do sangue por William Harvey (século XVII). No presente artigo, recorremos, pois, em especial a esse episódio para esboçar a concepção de Sarton a respeito do desenvolvimento da ciência. Ela ilustra muito bem a perspectiva da historiografia tradicional, que é alvo da crítica de Thomas Kuhn. Kuhn não escreveu sobre Leonardo ou Harvey, mas pretendemos mostrar que, ainda que de modo indireto, ele toma posição claramente contrária a Sarton também quanto a esse episódio histórico particular.