A DOENÇA E A SAÚDE COMO MOBILIZADORAS DE TRANSFORMAÇÃO URBANA EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (1935-1941)
Resumo
Este trabalho propõe compreender o papel de cidade receptora de imigrantes acometidos por tuberculose, desempenhado pelo município de São José dos Campos, interior de São Paulo, durante as primeiras décadas do século XX. Mais do que analisar esse fato, interessa refletir sobre a influência que a chegada dos doentes teve no processo de urbanização joseense. A cidade, que até então possuía pouca relevância econômica regional, passou a receber um grande fluxo de migrantes devido à fama (ao mito) da “cura milagrosa” proporcionada pelos seus ares. O objetivo é entender os impactos da elevada taxa de mortalidade, devido à importação de casos de tuberculose, sobre a estrutura populacional, o cotidiano e os debates políticos da cidade. Baseia-se a análise no contexto do sanitarismo, que pregava a necessidade de modernizar as cidades para reduzir a incidência de doenças infectocontagiosas. Como fontes, são utilizados dados censitários do IBGE e de recenseamentos municipais, para as análises populacionais, e notícias extraídas de jornais locais publicados na década de 1930, a fim de apreender os debates políticos ocorridos na época. Observa-se que a tuberculose auxiliou no crescimento contínuo da população municipal no período de estudo e possibilitou a realização de obras de infraestrutura urbana básicas, como o abastecimento de águas, por ter sido utilizada como justificativa para obter facilidades nos empréstimos junto ao governo estadual.
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