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A outra margem do Rio Verde: etnografia da violência ambiental no território tradicional caiçara da Jureia
Aluno(a): Rodrigo Ribeiro de Castro
Programa: Antropologia Social
Data: 27/06/2024 - 14:00
Local: Teses I
Membros da Banca:
  • Prof. Dr. Mauro William Barbosa de Almeida - Presidente
  • Profa. Dra. Emilia Pietrafesa de Godoi - Titular
  • Prof. Dr. Carlos Santos - Titular
  • Profa. Dra. Nashieli Cecilia Rangel Loera - Titular
  • Profa. Dra. Sônia Maria Simões Barbosa Magalhães Santos - Titular
  • Prof. Dr. Augusto de Arruda Postigo - Suplente
  • Profa. Dra. Carmen Silvia Andriolli - Suplente
  • Profa. Dra. Mariana Miggiolaro Chaguri - Suplente
Descrição da Defesa:

Este trabalho trata da história de um povo posto à deriva: os caiçaras da Jureia que vivem na região do Vale do Ribeira, entre os estados de São Paulo (SP) e Paraná (PR). Trata também de suas resistências à violência ambiental, conceito que proponho para compreender o circuíto de dispositivos de poder enredados à realidade caiçara após a criação da Estação Ecológica Jureia-Itatins, no ano de 1986. O objetivo principal do trabalho está em estabelecer uma crítica etnográfica à violência ambiental, a qual levou ao esvaziamento populacional integral de pelo menos 10 comunidades, além do despovoamento drástico de outras. Demonstro como essa forma de violência não se limita à expulsão, pois no exílio de famílias distanciadas pela política ambiental a solidão ainda lacera o cotidiano. A pesquisa ancora-se em diferentes técnicas, como o estudo bibliográfico, a consulta documental, bem como o recurso à linguagem literária e à fotografia. A etnografia focaliza, principalmente, a realidade de famílias caiçaras oriundas da comunidade do Rio Verde, com as quais mantive relações de pesquisa nos últimos 12 anos e próximas das quais pude viver ao longo de 3 anos de pesquisa de campo (2018-2021). A relação com os caiçaras marca a etnografia, a qual pendula de uma linguagem objetiva voltada a subsidiar ações no sistema de justiça do Estado, a uma escrita intimada em conversas, viagens e na comoção com os sentimentos dos caiçaras. A discussão ética e política sobre essa realidade é centralizada na crítica ao paradigma da preservação do meio ambiente, realizada com base em estudos de antropologia e filosofia política, bem como nos conhecimentos tradicionais caiçaras sobre o poder. No âmbito desta crítica, a situação histórica da Jureia desvela a incidência da intervenção acadêmica, bem como o papel inevitavelmente contraditório dos pesquisadores nos conflitos. A conclusão aponta para os riscos colocados por uma racionalidade ecológica neoliberal, a qual se amplia no espaço na devastação deixado pela aceleração das catástrofes e crimes ambientais. O que está sob ameaça é o ethos caiçara, isto é, uma forma de vida camponesa socialmente institucionalizada no comum, e que legou, segundo os próprios ambientalistas, uma das áreas mais conservadas do mundo.