Roda de conversa com o Por Nós: Coletivo de Mulheres Sobreviventes do Cárcere

Data da publicação: qui, 01/10/2020 - 15h55min

02 de outubro, data marcada pelo Massacre do Carandiru, em 1992, vamos publicar, no Youtube e no Facebook, a roda de conversa com o Por Nós: Coletivo de Mulheres Sobreviventes do Cárcere.
A roda, organizada pela pesquisadora Natália Corazza Padovani (PAGU e programas de pós-graduação em Ciências Sociais e Antropologia do IFCH-Unicamp), contou com a colaboração da União de Mulheres de São Paulo e das Promotoras Legais Populares de Campinas.

Reproduzindo as palavras de Natália Padovani:

O dia 2 de outubro é marcado como data do trágico acontecimento: Massacre do Carandiru.

Nesse dia, em 1992, ao menos cento e onze pessoas que estavam sob a tutela do Estado, presas provisórias ou sentenciadas, foram assassinadas por policiais que invadiram fortemente armados os espaços dos pavilhões do CDP do Carandiru. 

Como descrever a morte de todos os que ocupavam as celas do primeiro andar e de pelo menos sessenta por cento das pessoas em cumprimento de pena no segundo andar do pavilhão nove daquela prisão? Como falar sobre a estratégia possível de fazer-se de morto arrastando outros corpos para cima de si e tornar-se, assim, invisível aos olhos de quem carregava fuzis e cachorros excitados pelo cheiro de sangue? Como falar da nudez perante o aparamento e as vestimentas de proteção dos policiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar)? Devemos falar!

A história é conhecida e não pode ser esquecida. Mesmo porque, o Carandiru não acabou. Todos os dias ele se faz presente em novos massacres promovidos pelo descaso ativo do Estado na forma do sistema prisional brasileiro. A roda de conversa com Mulheres Sobreviventes do Cárcere do coletivo Por Nós marca um desses espaços de escuta. Parte delas ficaram presas no Carandiru que nunca foi implodido. O bairro do Carandiru é endereço da Penitenciária Feminina da Capital e da Penitenciária Feminina de Santana, a maior penitenciária feminina da América Latina. 

As mulheres que falam nessa roda passaram pelo sistema prisional e dizem sobre o Carandiru e sobre suas trajetórias como sobreviventes do cárcere. Os afetos e as amizades encontradas em meio ao aprisionamento aparecem como os elos que as permitiram sobreviver na e sair da prisão. 

Permitam que elas falem, não suas cicatrizes. Conheçam o Por Nós: Coletivo de Mulheres Sobreviventes do Cárcere."