Próximas Defesas do Programa

Os pensamentos políticos conservador e liberal guardam singularidades que, em alguns pontos, tornam suas contradições conceituais aparentemente irreconciliáveis. Entretanto, Jaime Guzmán, o principal civil da ditadura militar chilena (1973-1990), construiu as bases teóricas de um regime que consubstanciou princípios tradicionalistas católicos e autoritarismo político a uma economia liberalizada. A hipótese desenvolvida por esta pesquisa é de que esta combinação teórica apenas foi possível a partir da oposição comum ao comunismo, visto que o anticomunismo desempenhou um papel central e integrador entre estas diferentes correntes políticas de direita que influenciaram o pensamento político de Guzmán. Portanto, buscou-se compreender o papel desempenhado pelo anticomunismo como guia para a produção teórica e para a ação política de Jaime Guzmán, sobretudo por meio de suas publicações a jornais e revistas entre 1973 e 1980, pela Declaração de Princípios e pelas Atas da Comissão Constituinte.

Este trabalho analisa o modo como a dinâmica militar influi na produção do pensamento político do exército brasileiro. Para isso, o objeto central se limita aos editoriais da revista A Defesa Nacional (ADN) entre os anos de 1913, com a sua criação, e 1930, com o fim da Primeira República. No entanto, com o intuito de compreender os elementos político e ideológicos constitutivos do imaginário militar, é feita uma análise de alguns jornais militares do período imperial de modo a esclarecer os momentos de coesão e ruptura nas lutas políticas da caserna refletidas em seus textos. Parte-se do pressuposto de que a participação dos militares na política doméstica pode ser melhor compreendida quando analisada em paralelo com a produção intelectual desses atores, publicadas em revistas e jornais próprios, compreendendo, também, a forma pela qual as ideias circulam na caserna e contribuem para a formação de grupos militares empenhados em disputar os rumos da corporação, bem como da nação. O trabalho está organizado em três capítulos, além da introdução e conclusão. No primeiro, é feita uma análise do exército ao longo do Império e da primeira década republicana, com foco no debate intelectual dos militares. Em seguida, é analisado os editoriais da revista ADN e sua centralidade para a formação de um ideário modernizador no interior do exército. Por fim, o terceiro capítulo se dedica a compreender a maneira pela qual o meio militar articula pensamento e ação política, de modo a se distinguirem ou se aproximarem de outros teóricos do período.

O movimento sindical brasileiro, como conhecemos hoje, forjou-se nas mobilizações do final dos anos 1970, que culminaram no surgimento do “novo sindicalismo” e na fundação da CUT, em 1983. Assim, a maior e mais antiga central sindical brasileira se formou profundamente ligada aos movimentos sociais, tendo sido uma das fontes de inspiração para o conceito de sindicalismo de movimento social, nos anos 1990. Atualmente, há uma ampla bibliografia sobre a ascensão de novos atores e repertórios de ação coletiva, que movem pautas da esfera da reprodução social e se organizam por fora do ambiente de trabalho. Ao mesmo tempo, a conexão do sindicalismo com esses atores e reivindicações têm sido apresentada como uma possível saída aos obstáculos enfrentados por ele. Esta dissertação pretende analisar, através de entrevistas com dirigentes sindicais e pesquisa de redes sociais, como a CUT se relaciona com esse processo, ou seja, como se envolveu e foi impactada pelos protestos mais recentes que carregam essas características. Destacamos dois para a análise, sendo eles: (1) o #EleNão, em 2018, e (2) os atos por “Nem bala, nem fome, nem Covid: o povo negro quer viver”, em 2021. Observar como eles têm sido incorporados na prática e na política da CUT pode contribuir para melhor compreender a relação entre o sindicalismo e as lutas da esfera reprodutiva.