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30/09/2020 - Atas do XIV EHA publicadas:

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XIV Encontro de História da Arte

Histórias do Olhar

de 04 a 08 de novembro de 2019

Sobre o encontro

Vivemos em uma época de protagonismo da visão, associado a uma produção e disseminação cada vez maior de imagens. A maior parte dos estímulos chegam a nós por meio da visão. Porém, ao mesmo tempo que somos bombardeados por imagens cotidianamente, exigindo tudo do ver, nunca fomos tão incapazes de lidar com elas. Nunca fomos tão cegos diante de sua profusão assustadora.

A história da arte tem seu ponto de partida na singularidade dos olhares pelos quais diferentes épocas “enxergaram”, tanto as obras de seu próprio presente quanto às do passado. Não por acaso, Roland Barthes desejava que existisse uma “História dos Olhares” para entender a diversidade de temas e formas na produção fotográfica. Michael Baxandall, por sua vez, atentava para as diferentes “capacidades interpretativas” de quem vê e para a “experiência geral” de cada época, incidindo, em última instância, na impossibilidade de um olhar completamente objetivo e compartilhado ao longo do tempo. Além desses autores, Marcel Proust dotou de sentidos os olhos dos velhos com o que ele denominou de “telescópios do invisível”, que dariam alcance maior à medida que se envelhecesse, assim o olhar percorreria distâncias vastas e exploraria o tempo como a máquina criada por H. G. Wells em sua ficção publicada em 1895. Aby Warburg dedicou-se ao fascínio das mudanças do olhar, enquanto Brian O'Doherty dividiu o olhar do apreciador de arte em três categorias: “o visitante sente...”; “o observador percebe...”; “o espectador se movimenta...”, compreendendo-as como parte da experiência estética capaz de projetar a própria imagem do apreciador na obra de arte. Nesse sentido, a temática do evento levanta as questões: como formas e sentidos podem de maneira complexa e dinâmica serem transformadas, armazenadas e transmitidas nas formas artísticas? Como acionamos o dispositivo da visão diante de uma obra de arte?

A ampliação dos debates acerca das histórias do olhar permite compreender a evolução deste campo como um conjunto em movimento de formas independentes, quer elas sejam milenares, ou, ao contrário, produzidas pela cultura recente. Tais discussões possibilitam o enfrentamento a narrativas e a histórias construídas a partir de olhares hegemônicos, dando a ver aquilo que historicamente foi velado, negado ou invisibilizado. É o caso da primazia do olhar masculino sobre as mulheres ou do olhar etnocêntrico sobre os corpos negros e/ou indígenas, que estabeleceram narrativas e cânones excludentes, ou melhor, construíram discursos estereotipados, exotificados e racializados na história da arte. Nesta perspectiva, um dos desafios das novas pesquisas na área de teoria, crítica e história da arte tem sido pensar a construção de um olhar decolonial, fazendo o uso de outras metodologias e análises. Esse é um campo, definitivamente, de embates e disputas.

A 14ª edição do Encontro de História da Arte — em comemoração aos 30 anos do Programa de Pós-Graduação em História da Arte da Unicamp — parte das reflexões que tratam as Histórias do Olhar como parte de uma disciplina fundada tanto na distância histórica quanto no imediato da experiência estética. Nesse sentido, o XIV EHA convida pesquisadores a inscreverem trabalhos que proponham uma revisão dos conceitos que orientam o campo de conhecimento da disciplina e que discutam o papel da história da arte frente às questões da contemporaneidade.

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