Documento: Crítica Marxista completou 20 anos em 2014

<p style="text-align: justify;"><strong><span style="font-family: arial,helvetica,sans-serif; font-size: small;">Vinte anos de Cr&iacute;tica Marxista (Texto de apresenta&ccedil;&atilde;o do n. 39 da revista)</span></strong></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial,helvetica,sans-serif; font-size: small;">Neste ano de 2014, Cr&iacute;tica Marxista completa vinte anos de publica&ccedil;&atilde;o ininterrupta e regular. Temos motivos para comemorar: a conjuntura pol&iacute;tica e ideol&oacute;gica atual &eacute; muito mais favor&aacute;vel ao movimento socialista do que aquela na qual fundamos a revista e o nosso trabalho editorial evoluiu muito. No ano de 1994, quando lan&ccedil;amos Cr&iacute;tica Marxista, a conjuntura estava marcada pela ent&atilde;o recente extin&ccedil;&atilde;o da Uni&atilde;o Sovi&eacute;tica, pela ofensiva do imperialismo estadunidense e pela segunda vaga de reformas neoliberais em v&aacute;rios pontos do planeta, inclusive na Am&eacute;rica Latina. No Brasil, o ciclo de governos neoliberais de Fernando Henrique Cardoso estava prestes a se iniciar e o movimento sindical e popular urbano ingressava numa fase de descenso e defensiva.</span><br /><br /><span style="font-family: arial,helvetica,sans-serif; font-size: small;">Apenas o Movimento dos Sem-Terra dava sinais de mais vigor e isso, justamente, por agrupar, al&eacute;m dos camponeses, os desempregados que eram produzidos aos borbot&otilde;es pelo capitalismo neoliberal. No meio pol&iacute;tico e intelectual, o socialismo era visto como projeto morto e enterrado, ganhava for&ccedil;a e prest&iacute;gio a tese segundo a qual o capitalismo seria o ponto final da hist&oacute;ria e proclamava-se, uma vez mais, a morte do marxismo. Nas universidades brasileiras, que &eacute; onde a nossa revista &eacute; produzida e mais circula, a teoria marxista, que tinha readquirido algum prest&iacute;gio no per&iacute;odo da ditadura militar e de sua crise, perdeu espa&ccedil;o e os intelectuais marxistas que a&iacute; restavam encontravam-se isolados.</span><br /><br /><span style="font-family: arial,helvetica,sans-serif; font-size: small;">Cr&iacute;tica Marxista foi lan&ccedil;ada na contracorrente da conjuntura de ent&atilde;o. Se, em 1994, &eacute;ramos um pequeno ponto que, como outros, encontravam-se ilhados, hoje, somos um dos pontos de refer&ecirc;ncia numa linha ascendente.</span><br /><br /><span style="font-family: arial,helvetica,sans-serif; font-size: small;">A conjuntura mudou muito. Neste s&eacute;culo, o polo do crescimento econ&ocirc;mico mundial &eacute; a China e a R&uacute;ssia imp&otilde;e limites ao imperialismo estadunidense na Europa e na &Aacute;sia. A economia capitalista entrou em crise em 2008 e ainda se arrasta em dificuldades. Na Am&eacute;rica Latina, o capitalismo neoliberal encontra-se num per&iacute;odo de desgaste e crise. Ele foi contestado nas ruas e nas urnas.</span><br /><br /><span style="font-family: arial,helvetica,sans-serif; font-size: small;">Esse modelo capitalista foi abandonado pelos governos da Bol&iacute;via, do Equador e da Venezuela, e se pode-se afirmar que &eacute; mantido em pa&iacute;ses como Brasil e Argentina, pode-se constatar tamb&eacute;m que, nesses pa&iacute;ses, tal modelo passou por reformas que limitam suas exig&ecirc;ncias e imposi&ccedil;&otilde;es. O movimento sindical e popular urbano est&aacute; numa fase de ascenso e, no terreno da luta ideol&oacute;gica, volta-se a questionar &ndash; por toda parte e de diferentes maneiras &ndash; a inelutabilidade do sistema capitalista. Mudan&ccedil;as na mesma dire&ccedil;&atilde;o fizeram-se sentir no ambiente intelectual e universit&aacute;rio brasileiro.</span><br /><br /><span style="font-family: arial,helvetica,sans-serif; font-size: small;">Desde que foi lan&ccedil;ada Cr&iacute;tica Marxista, surgiram outras revistas que t&ecirc;m a teoria marxista como programa de trabalho, foram criados dezenas de centros de estudos marxistas nas universidades brasileiras e in&uacute;meros grupos de trabalho voltados para o estudo do marxismo foram organizados e funcionam muito bem nos encontros regulares das associa&ccedil;&otilde;es nacionais de hist&oacute;ria, de ci&ecirc;ncias sociais, de filosofia, de economia, de educa&ccedil;&atilde;o e outras. Uma r&aacute;pida busca no portal do CNPq indica que est&atilde;o registrados na principal ag&ecirc;ncia de fomento brasileira nada menos que 126 grupos de pesquisa que cont&ecirc;m o nome de Karl Marx em seu t&iacute;tulo ou nas suas palavras chave.</span><br /><br /><span style="font-family: arial,helvetica,sans-serif; font-size: small;">Com o mesmo tipo de busca, constatamos que o nome de Pierre Bourdieu aparece quatro vezes, o nome de Max Weber &eacute; citado tr&ecirc;s vezes e o de &Eacute;mile Durkheim apenas uma vez. Diversas editoras de pequeno e de m&eacute;dio porte concentraram-se na publica&ccedil;&atilde;o de textos marxistas cl&aacute;ssicos e contempor&acirc;neos e tais programas editoriais t&ecirc;m obtido grande &ecirc;xito. A nossa revista &eacute;, portanto, parte de uma trajet&oacute;ria mais ampla, muito ampla e vigorosa para que possa ser atribu&iacute;da a uma teoria defunta. Nosso trabalho editorial aperfei&ccedil;oou-se ao longo dos anos.</span><br /><br /><span style="font-family: arial,helvetica,sans-serif; font-size: small;">Seu principal objetivo &eacute; estimular o desenvolvimento da teoria marxista nas suas diversas tradi&ccedil;&otilde;es e &aacute;reas do conhecimento e estimular principalmente a produ&ccedil;&atilde;o marxista no Brasil. Nesses vinte anos, intelectuais marxistas da velha e da nova gera&ccedil;&atilde;o produziram para Cr&iacute;tica Marxista cerca de 650 textos, entre artigos, coment&aacute;rios, resenhas, entrevistas e notas. Procuramos tamb&eacute;m colocar &agrave; disposi&ccedil;&atilde;o do nosso p&uacute;blico leitor textos estrangeiros desconhecidos em nosso pa&iacute;s por interm&eacute;dio de um programa de tradu&ccedil;&atilde;o de artigos publicados originalmente em ingl&ecirc;s, franc&ecirc;s, italiano, alem&atilde;o e espanhol. Nossa revista tem publicado textos sobre teoria econ&ocirc;mica marxista, teoria pol&iacute;tica, cultura, filosofia, teoria marxista da hist&oacute;ria, bem como sobre os problemas do movimento socialista e do comunismo, sobre educa&ccedil;&atilde;o e outros. Mais recentemente, temos divulgado o debate internacional propiciado pela retomada da edi&ccedil;&atilde;o das obras completas de Marx e Engels &ndash; o projeto editorial da MEGA.</span><br /><br /><span style="font-family: arial,helvetica,sans-serif; font-size: small;">Publicamos tamb&eacute;m artigos de an&aacute;lise da economia, da pol&iacute;tica, da sociedade e da cultura no capitalismo contempor&acirc;neo e temos dedicado parte do nosso trabalho ao exame cr&iacute;tico das teorias em voga no ambiente acad&ecirc;mico. A nossa se&ccedil;&atilde;o de resenhas, muito procurada pelo p&uacute;blico leitor, tem divulgado os lan&ccedil;amentos nacionais e estrangeiros de interesse para os marxistas. Desde 2012, temos um novo site da revista com organiza&ccedil;&atilde;o clara e permanentemente atualizado. Esse site coloca &agrave; disposi&ccedil;&atilde;o do p&uacute;blico, com acesso livre e gratuito, a cole&ccedil;&atilde;o de Cr&iacute;tica Marxista do seu primeiro ao antepen&uacute;ltimo n&uacute;mero &ndash; deixamos fora do site o pen&uacute;ltimo e o &uacute;ltimo n&uacute;meros para preservar a circula&ccedil;&atilde;o da edi&ccedil;&atilde;o impressa da revista.</span><br /><br /><span style="font-family: arial,helvetica,sans-serif; font-size: small;">Todo interessado pode, por interm&eacute;dio do eficiente motor de busca desse site, acessar e baixar artigos, coment&aacute;rios, resenhas e entrevistas que foram publicados em Cr&iacute;tica Marxista desde 1994. As estat&iacute;sticas indicam que os acessos aos textos no site da nossa revista s&atilde;o da mesma ordem de grandeza que os acessos aos textos publicados no Scielo, o mais importante banco de textos da produ&ccedil;&atilde;o universit&aacute;ria brasileira. Temos hoje mais de cem conselheiros que realizam a venda militante da revista em dezenas de cidades de quase todos os Estados do Brasil; essa venda ultrapassa a casa dos 700 exemplares aos quais se somam os exemplares vendidos em livrarias.</span><br /><br /><span style="font-family: arial,helvetica,sans-serif; font-size: small;">Cr&iacute;tica Marxista estampa em seu pr&oacute;prio nome todo um programa editorial. A for&ccedil;a desse programa &eacute; um elemento importante para explicar a longevidade da nossa publica&ccedil;&atilde;o.</span></p>


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