Apresentação
Número 14

Este número de Crítica Marxista intervém mais amplamente nos debates da presente conjuntura político-ideológica.

Publicamos um artigo de João Quartim de Moraes que analisa o principal fato político da atualidade: a agressão imperialista do governo Bush ao Afeganistão, denominada pela propaganda ideológica de “guerra contra o terrorismo”. Os marxistas devem combater as visões apologéticas, explícitas ou (mal) disfarçadas, da nova onda de guerras coloniais e, ao mesmo tempo, refletir sobre as causas, condições e objetivos dessas agressões. "Império, guerra e terror" é uma contribuição nessa direção.

Na seção Debates, publicamos uma discussão sobre as relações entre marxismo, ética e política revolucionária, que traz reflexões teóricas sobre um problema candente da luta de idéias hoje. A afirmação de uma noção vaga e abstrata de ética, desvinculada de interesses sociais, tem servido tanto para denunciar – de modo  ineficaz, ressalte-se - as relações dos políticos e do Estado burguês com o mundo dos negócios (a questão da corrupção), quanto para substituir a discussão programática de partidos políticos progressistas. Num ano eleitoral, como é o de 2002 no Brasil, o discurso genérico sobre a ética certamente será difundido por todos, inclusive pelos partidos de esquerda. Os textos de Hector Benoit, Sérgio Lessa e Osvaldo Coggiola podem oferecer ao leitor algumas ferramentas teóricas para se situar diante do refrão da “ética na política” que debutou, no Brasil, quando da campanha pelo impedimento de Fernando Collor de Melo.

Este número da revista traz duas entrevistas que também versam sobre temas políticos atuais. Uma delas foi realizada com dirigentes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), sobre o assentamento Anita Garibaldi e a estratégia desse movimento popular; a segunda, com o sociólogo francês René Mouriaux, trata da reanimação das lutas sociais na Europa. Os socialistas devem estar atentos aos sinais de recuperação da luta operária e popular em escala internacional.

Crítica Marxista publica ainda artigos e comentários que versam sobre questões teóricas – os artigos de Jorge Grespan, sobre a dialética materialista, e de Marcos Barbosa, sobre o positivismo, e os comentários de Paulo Silveira, sobre Lacan e Marx, e de Francisco Farias, sobre o conceito de socialismo. Merece registro à parte o artigo de Louis Althusser sobre a questão do humanismo teórico, texto inédito em português e que completa outro publicado no número 9 de Crítica Marxista.

Publicamos ainda um artigo de Hermenegildo José Bastos, que faz uma análise estética e política de um poema de Ferreira Gullar, e resenhas de quatro livros de interesse para os marxistas.



Apresentação
Número 17


A partir do número 17  Crítica marxista passa a ser publicada pela Editora Revan. É uma revista de difusão e discussão da produção intelectual marxista em sua diversidade, bem como de intervenção no debate e na luta teórica em curso.

            Na seção Artigos encontra-se o texto de Armando Boito Jr., “A hegemonia neoliberal no governo Lula”, que por sua vez sustenta que o neoliberalismo logrou implantar uma nova hegemonia burguesa no Brasil, hegemonia essa de tipo regressiva que vem sendo mantida ativamente pelo governo Lula. Na mesma seção, Ellen Meiksins Wood contesta em “O que é (anti) capitalismo?” a afirmação segundo a qual os movimentos anticapitalistas apenas saberiam contra o que lutam e não a favor do que lutam. O artigo de Domenico Losurdo, “Para uma crítica da categoria de totalitarismo”, desmistifica a noção de “totalitarismo”, mostrando, notadamente através do progressivo alinhamento de Hanna Arendt com a ideologia anticomunista da guerra fria, sua função de cavalo de batalha da reação liberal.  Fechando a seção Artigos temos “Marx tardio: notas introdutórias”, onde Pedro Leão da Costa Netto examina o último período da produção teórica de Marx; e ainda “Esboço para o estudo do ponto de vista da mercadoria na literatura brasileira”, de Luiz Roncari.

            Na seção Comentários são discutidas algumas obras que tiveram repercussão no debate de idéias nos meios acadêmicos e políticos.  Nesta seção encontram-se os textos: “Pós-grande indústria: trabalho imaterial e fetichismo – uma crítica a A. Negri e M. Hardt” de Eleutério F. Prado e ainda “Para realizar a América, de Richard Rorty, e sua recepção no Brasil” de Suze de Oliveira Piza.

            Retomando o projeto de publicar textos fundamentais do pensamento marxista, encontramos na seção Documento o texto A marca, de F. Engels até hoje inédito na língua portuguesa. Esse texto foi escrito em 1882 para explicar aos operários alemães a história da propriedade da terra e da desagregação da comunidade camponesa na Alemanha.  Quatro resenhas completam a última seção deste número de Crítica marxista.

Crítica Marxista Nº 17 - Sociologia & Política - 184 páginas - 16 x 23 cm - ISSN 0104-9321


Apresentação
Número 18

Nesta edição de CRÍTICA MARXISTA são publicados artigos que discutem questões do capitalismo contemporâneo (a economia neoliberal, o imperialismo, a "globalização"), problemas teóricos, históricos e estratégicos da luta pelo socialismo e a relação das esferas da cultura e da educação com o marxismo e o socialismo.

Os artigos de Gérard Duménil e Dominique Lévy e o de Paul Sweezy tratam da nova ordem capitalista mundial. Em "O imperialismo na era neoliberal", os economistas franceses, em texto especialmente elaborado para nossa revista, analisam o período que se estende de meados dos anos 80 até os primeiros anos do século XXI. Os dois autores reúnem informações visando esclarecer, essencialmente no plano econômico, a natureza e as características do neoliberalismo e do imperialismo na sua fase atual e a relação existente entre esses dois fenômenos. Décio Saes discute a questão da educação na sociedade socialista. Preliminarmente, procede a um exame crítico do lugar, significado, problemas e papel da educação escolar na sociedade capitalista. A hipótese que orienta o artigo é a de que o objetivo de longo prazo de toda a educação socialista é a criação do novo homem que apenas seria possível com a concretização do velho ideal marxiano do comunismo.

O artigo de Fredric Jameson busca enfrentar a relação entre marxismo e a prática cultural. No texto, debate, em particular, a questão da possibilidade e da pertinência da chamada cultura mundial ou "global" e a especificidade da intervenção cultural na atualidade, com ênfase no papel e na responsabilidade dos intelectuais críticos e socialistas.

Maria Turchetto apresenta uma nova contribuição para o debate sobre a obra de Antonio Gramsci, situando-o no quadro mais amplo do "operarismo" italiano. Turchetto, com clareza, traça a trajetória histórica daquela corrente política, de suas teses principais e de seus mais conhecidos intelectuais, dentre os quais destaca-se o nome de Negri.

Hector Benoit, dando continuidade a dois outros artigos publicados anteriomente na CM, sustenta que dois obstáculos teóricos fundamentais impedem a aplicação do Progama da Transição. O primeiro explicado em texto anterior, refere-se à não apreensão clara do desenvolvimento dialético contido nesse programa. Neste texto, Benoit expõe outro grande obstáculo que impediria também a aplicação do programa da IV Internacional: trata-se da maneira de aplicação do Programa de Transição, particularmente, na América Latina, a partir da tradução das reivindicações transitórias para os países chamados de "atrasados", "coloniais" e "semicoloniais".

Os textos de Luciano Martorano e Marcos Del Roio completam a seção de artigos. Martorano apresenta uma contribuição para a complexa questão da teoria da passagem ao socialismo. Procura mostrar a importância de se distinguir, no exame desse problema, a teoria da revolução da teoria da transição. Marcos Del Roio dá uma contribuição historiográfica para o estudo do marxismo brasileiro examinando a obra e a ação pioneiras de Octávio Brandão.
Neste número publicamos a seção DEBATE. Decorrido mais de um ano do governo Lula da Silva e José de Alencar, CRÍTICA MARXISTA julgou relevante propor a quatro analistas e militantes socialistas três questões que visavam proceder a um balanço dessa administração durante o ano de 2003, a uma avaliação da atuação e do significado do Partido dos Trabalhadores nesta nova conjuntura e a uma discussão das tarefas político-estratégicas que hoje se apresentam aos socialistas. César Benjamin, Eduardo Almeida Netto, Altamiro Borges e Milton Temer são autores de pequenos textos em torno dos temas propostos pelo comitê editorial da revista.

Quatro livros são objeto de resenhas e de um comentário. Por último, publicamos dois pequenos textos que homenageiam a vida e a obra dos intelectuais marxistas Clóvis Moura e Paul Sweezy, recentemente falecidos.





Apresentação
Número 19

10 anos de existência
 
Neste segundo semestre de 2004, Crítica Marxista comemora dez anos de existência. Acreditamos que não será arrogante de nossa parte afirmar que Crítica Marxista tornou-se uma referência teórica e política importante na cultura da esquerda brasileira.

Nas dezenove edições da revista, publicamos cerca de 100 artigos, 110 resenhas e comentários, onze debates e diversos documentos, entrevistas e notas. Pesquisadores, acadêmicos e ativistas dos movimentos sociais e partidos políticos, do Brasil e do exterior, colaboraram com trabalhos diversos. Dezenas de colaboradores da revista mantiveram a venda militante em diversos estados do Brasil. Vários textos publicados por Crítica Marxista  têm sido discutidos em salas de aula, em seminários e, em menor medida, nas organizações do movimento popular. Por tudo isso, esperamos estar cumprindo a nossa proposta editorial de intervir “no debate e na luta teórica em curso” no meio intelectual brasileiro e no movimento socialista.

Além do trabalho do Comitê Editorial, a consolidação da revista tem sido possível em virtude da atuante participação do seu Conselho Editorial, integrado por dezenas de intelectuais e ativistas políticos de todo Brasil. Em 2001 e em 2003, por ocasião dos Colóquios Marx e Engels do Centro de Estudos Marxistas da Unicamp (Cemarx), foram realizados dois encontros nacionais a fim de avaliar nosso trabalho editorial. A atuação do Conselho Editorial nesses encontros, na sugestão de textos para publicação, na produção de pareceres sobre textos propostos para a revista e na venda militante de Crítica Marxista tem sido fundamental para o fortalecimento da nossa publicação.

Dez anos atrás publicamos um Manifesto que teve o papel de afirmar/esclarecer os objetivos da nova publicação e de angariar apoio intelectual. O que dele pensar, após uma década de existência? Retomando o que recentemente dissemos – por ocasião do lançamento da página da revista na internet (www.unicamp.br/cemarx/criticamarxista)–, acreditamos que, no fundamental,  esse Manifesto “permanece válido, notadamente ao afirmar o caráter científico-crítico do marxismo e a permanência, no capitalismo contemporâneo, da exploração, da luta de classes e do imperialismo, bem como  ao sustentar a atualidade da revolução. Sem dúvida carrega, como qualquer outro documento político,  as marcas do momento histórico em que foi discutido e  redigido. Assim, num momento em que muitos intelectuais debandavam, o estilo necessariamente enfático da redação explica certas simplificações de algumas passagens desse texto que marcou a fundação da revista”.

Crítica Marxista espera continuar colaborando nos anos vindouros para a necessária renovação do marxismo, para o esclarecimento e a crítica das características e das transformações econômicas, políticas e culturais da sociedade capitalista contemporânea e para a resolução dos complexos problemas enfrentados pelo movimento socialista e antiimperialista no século XXI.

Acreditamos que dez anos de trabalho editorial ininterrupto é motivo de satisfação (de ser comemorado).