Mapas Temáticos Santana e Bexiga

Na segunda metade do século XIX, os cortiços do Rio tornaram-se objeto de atenção permanente de autoridades públicas. Médicos higienistas, autoridades policiais, vereadores, fiscais da municipalidade, todos voltavam-se para essas habitações dos pobres.

A ocorrência freqüente de epidemias de varíola e febre amarela levava à suspeita de que a aglomeração de pessoas em habitações coletivas piorava sobremaneira o quadro da saúde pública na Corte. Aos poucos, editaram-se posturas municipais que buscavam proibir a construção de novos cortiços nas zonas centrais da cidade, além de fiscalizar com mais rigor as condições das habitações coletivas já existentes. Ao clicar nas seringas existentes no mapa, você encontrará exemplos da atuação dos higienistas no combate aos cortiços cariocas.

Cortiços eram também assunto de polícia. Num contexto em que pobreza e propensão à criminalidade apareciam juntas no imaginário de autoridades e proprietários, os habitantes dos cortiços tornaram-se membros conspícuos das chamadas “classes perigosas”. Ao clicar nalgum revólver do mapa, você poderá ler a transcrição de partes de processos criminais originados de fatos ocorridos em tais moradias.

O mapa foi desenhado a partir de pranchas do álbum de Edward Gotto, Plan of the city of Rio de Janeiro, Brazil, surveyed in 1866, existente na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Ao centrar o foco na Freguesia de Santana, utilizamos o levantamento das habitações coletivas lá existentes (casinhas, cortiços, estalagens), realizado em 1878, sob os auspícios do Ministério do Império e da Junta Central de Higiene Pública (maço IS4-32, Arquivo Nacional do Rio de Janeiro). O foco aproxima-se ainda mais da rua do General Caldwell (antiga rua Formosa), na qual havia concentração excepcional de estalagens ou cortiços. Ali pulsava a vida de centenas de homens e mulheres pobres, livres e escravos, imigrantes portugueses e italianos, que trabalhavam, ajudavam-se, dançavam, cantavam, brigavam e morriam de epidemias diversas.

As fotos, na maior parte provenientes da galeria notável de Augusto Malta (acervo do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro), mostram fachadas e panoramas de casas populares e estalagens da época. Ainda que não tenha sido possível encontrar fotografias que retratassem a situação na própria rua do General Caldwell, vê-se aqui com clareza um padrão de expansão desse tipo de moradia: a partir de uma entrada mais ou menos acanhada, estreita, os cortiços serpenteavam pelos fundos de inúmeros prédios, formando emaranhados de quartinhos e casinhas que surpreendiam (e horrorizavam) as autoridades sanitárias. Por fim, algumas fotos de interior de residências populares, verdadeiras raridades, provenientes de processos criminais do início do século XX.

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Créditos:
Pesquisa e texto
Prof. Dr. Sidney Chalhoub - Coordenador do Projeto Temático FAPESP Proc. 01/05017-1
Roteiro, webdesigning, desenho de mapas e desenvolvimento dos aplicativos em Flash
Luciana Barbeiro - Bolsista FAPESP CT 4
Suporte técnico e orientação para desenvolvimento dos aplicativos em Flash
Claudio Martinez - Equipe de treinamentos do Centro de Computação da Universidade Estadual de Campinas (CCUEC)
Desenho de mapas
Lis de Freitas Coutinho - Bolsista FAPESP CT 1